Uma das principais atrações do Rock in Rio 2022, o Måneskin é também uma das novas sensações do rock mundial. O quarteto, formado por jovens de 20 e poucos anos, conquistou fãs de todas as idades cantando sobre sexo, drogas e romance sem tabus ou censura, indo na contramão do crescente movimento conservador que tem surgido em alguns grupos da Geração Z. Mas de onde exatamente esses jovens saíram e como sua sensualidade tomou o mundo da música de assalto?
Formado por Damiano David (voz), Victoria De Angelis (baixo), Thomas Raggi (guitarra), e Ethan Torchio (bateria), o Måneskin foi fundado na segunda metade da década passada, em Roma. O nome da banda foi escolhido de forma aleatória, com De Angelis sugerindo a palavra dinamarquesa para “luar”, conforme o quarteto contou à Sky TV em 2017, mesmo ano em que eles foram vice-campeões do X Factor italiano.
Foi no programa de calouros, inclusive, que o Måneskin chamou a atenção do público italiano. Ao longo da 11ª temporada da competição, eles tocaram covers de “Beggin”, do The Four Seasons, e “Somebody Told Me”, do The Killers, personalizados pela voz sensual de David e a guitarra distorcida de Raggi. “Chosen”, canção original também apresentada no X Factor, eventualmente foi lançada como single e se tornou a primeira faixa do quarteto a nas paradas musicais.
Os anos seguintes trouxeram um crescimento meteórico da banda. Além do primeiro disco de estúdio, Il Ballo Della Vita, o quarteto saiu em sua primeira turnê internacional, passando por Espanha, Suíça, Reino Unido, Alemanha e mais, expandindo seu público e criando a base perfeita para o feito que os trouxe às Américas: o Eurovision.
Com seu primeiro álbum tendo uma ótima performance na Itália e usando a turnê para desenvolver as personas sensuais que adotam nos palcos, o Måneskin chegou favorito à competição continental, onde representaram seu país natal com “Zitti E Buoni”. A canção, um hino rebelde contra os preconceitos e opressões de gerações mais velhas, canaliza a energia jovem que Damiano e companhia exalam nos palcos. Não à toa, a faixa levou o troféu da edição do Eurovision 2021 e “exportou” o quarteto para os Estados Unidos. Lá, eles tocaram em programas tradicionais como Ellen, Saturday Night Live e The Tonight Show.
2021 também viu o lançamento de Teatro d’Ira - Vol. I, segundo álbum de estúdio da banda que, além de “Zitti e Buoni”, conta com as melancólicas “Coraline” e "Vent'anni", cheias que ansiedades geracionais, e “I Wanna Be Your Slave”, uma das canções mais provocativas do repertório do grupo. O single, aliás, ganhou uma versão com Iggy Pop, que apenas somou à agressividade da música.
Na contramão dos roqueiros “das antigas”
Antes um gênero de resistência e protesto, o rock vem, já há alguns anos, flertando com um preocupante conservadorismo, com astros da música nacional e internacional apoiando políticas opressoras e espalhando desinformações sobre os mais diversos temas. Por isso, é curioso ver o Måneskin ter tanta atenção em pleno 2022, ano que viu opiniões preconceituosas e teorias conspiratórias sendo reproduzidas como fatos nas redes sociais.
Orgulhosamente libertinos, o grupo usa de coreografias e figurinos provocantes para chamar outros membros de sua geração para enfrentar o perigoso saudosismo que vem dominando o cenário político recente. Mais do que jovens atraentes e barulhentos, o Måneskin quer ser espelho para uma geração que não desistiu de lutar pelo futuro e por suas liberdades.
Apresentando-se no Rock in Rio em 8 de setembro e em São Paulo no dia 9, o Måneskin vem ao Brasil como mais do que uma simples atração estrangeira. A banda chega para mostrar que a luta por um futuro melhor e mais inclusivo está vivíssima no rock n’ roll mundial, mesmo que alguns dos chamados “dinossauros” do gênero insistam em argumentar o contrário.