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Rock in Rio | Instrumental, Aerosmith faz show arisco

Banda privilegia o hard rock em uma apresentação sem concessões

Omelete
3 min de leitura
22.09.2017, às 04H13.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

Com a popularização do Aerosmith na MTV e nas rádios a partir dos anos 1990, seria de esperar que a banda de Steven Tyler viesse de forma previsível ao Rock in Rio, como o headliner da primeira noite roqueira. O que os fãs viram, porém, foi um resgate de raízes de hard rock, sem muitas concessões ao pop. O Aerosmith tocou alguns hits de forma literal, próxima ao do registro de álbum, mas o show ficou marcado pelo peso instrumental, às vezes em franca jam session, com que algumas faixas se estendiam. Ficou marcado também pela postura arisca de Tyler.

Se uma banda abre seu show tocando "Carmina Burana" enquanto repassa sua discografia, é porque ela leva a sério suas pretensões. E se em seguida a banda começa com uma música que pede para "deixar a música falar por si", então o recado fica mais evidente; foi o que fez o Aerosmith, e "Let the Music do the Talking" se alonga bastante no instrumental antes que Tyler comece a soltar a voz. Não que o Aerosmith chegue todo imprevisível (demora só duas músicas para Joe Perry desgrudar em "Love in an Elevator" e partir para o canto do palco levando o holofote, enquanto Tyler rodopia) mas esse começo de show realmente traz suas surpresas.

Tyler não poupa sua voz, inclusive canta versos uma nota acima, que saem quase gritados, como em "Love in an Elevator", e depois faz tanto a primeira quanto a segunda voz, em "Living on the Edge". Essa disposição cobra seu preço depois, quando a voz do vocalista começa a ratear, e já no final de "Crazy" e ao longo de "Eat the Rich" Tyler está economizando nos berros. O público compensa: em "Crying" assistimos ao primeiro grande coro deste Rock in Rio, daqueles capazes de rivalizar com o som. No geral Tyler se mostra arredio, chega na ponta do palco mas tampa o rosto e fica de lado, em "Living on the Edge", ou então desafia o público nas suas interações: "fiquem calmos", "não venham ficar quietos agora", diz, antes de arriscar uma frase em português que ninguém entende.

Enquanto o som do lado direito do palco dá umas vaciladas, percebe-se no blues de Joe Perry, o bronzeado, que a banda está tocando por prazer, para si. A escolha de faixas menos conhecidas, como a própria "Eat the Rich" (que foi tirada de Get a Grip enquanto "Amazing", do mesmo álbum, foi ignorada), é um atestado de que o Aerosmith, nesse crepúsculo de carreira, tenta tornar as coisas minimamente frescas para a banda. Se alguém deu pela falta de faixas mais pop e recentes como "Pink" e "Jaded", no lugar ouviu uma banda mais setentista, densa mesmo (o que não deixa de ser uma nostalgia também).

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