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Rock in Rio | Novidades da segunda noite, Fergie e Shawn Mendes não seguram expectativa

Com Maroon 5 em reprise, demais headliners sofrem com a pressão

Omelete
3 min de leitura
17.09.2017, às 11H58.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

Com um Maroon 5 voltando à arena principal do Rock in Rio para fazer uma apresentação sem muitas variações em relação à noite anterior - a banda inovou tocando uma inédita entre seus sucessos -, quem assumiu a responsabilidade da novidade no palco Mundo foram os outros dois headliners do segundo dia, Fergie e Shawn Mendes. E o que se viu foram shows anticlimáticos que tiveram dificuldade em atingir o público mais amplo do festival, sempre marcado pela heterogeneidade com que traz famílias, adolescentes e fãs nostálgicos à Cidade do Rock.

Aos 19 anos, Mendes foi promovido a atração por conta de sucessos de rádio como "Treat you Better", a faixa que mais levantou o público (depois de um rápido medley com uma cover de "Use Somebody"), já no final da apresentação. O canadense não se intimidou com o tamanho do palco, ficou com sua guitarra entoando suas baladas de aspiração soul, e não se deixou levar pelo apelo fácil da brasilidade: não teve declaração populista de amor aos cariocas, nem camisa da Seleção Brasileira. Mendes mandou um "vejo vocês em breve" ao final mas não soou lacônico, e sim competente na brevidade; veio para tocar e tocou, e sabia o seu lugar.

É difícil, porém, apagar a sensação de que a apresentação de Mendes funcionaria melhor num palco menor, para seu público adolescente fiel. Do jeito como aconteceu, foi um pocket show superdimensionado, e ao final havia na plateia fãs sem voz depois de acompanhar todas as letras, com emoção, mas havia também os insatisfeitos que cunharam o inspirado apelo "Tchau Mendes".

Então recaía sobre Fergie, em seguida, a exigência de esquentar a noite do palco Mundo, que antes havia assistido a uma apresentação do Skank mais puxada para o manifesto (com "Indignação" dedicada à classe política do país) do que para o baile. A ex-cantora do Black Eyed Peas não conseguiu segurar o fardo. Problemas de som com o microfone da americana paralisaram o show no meio, quando Fergie se encaminhava para a segunda metade da sua apresentação.

Questões técnicas à parte, o próprio compasso do show não ajudou a levantar o público. Nos intervalos de faixas em que voltava ao backstage para trocar o penteado e retocar a maquiagem, e o palco ficava transmitindo videoclipes, Fergie demorava a voltar. Das divas do pop, aparentemente, é o que se espera hoje em dia, mas no tempo em que ela voltava com a mesma roupa, uma Beyoncé já teria se trocado duas vezes mais. Fergie tentou compensar com sua voz poderosa, que saía gritada às vezes com o microfone bem mais alto que o resto da aparelhagem.

Enquanto a cantora desfilava com estilo e se virava para o público com poses e beijinhos no ombro, o destaque da apresentação ficou por conta dos convidados. Emendando Pabllo Vittar com Sérgio Mendes, o show ficou parecendo um Fergie & Amigos, e a cantora estava visivelmente emocionada em fazer essas pontes e receber a resposta calorosa do pessoal do gargarejo; Fergie brincou inclusive que o público "faria ela chorar de novo" na segunda vez em que recebeu os gritos dos fãs.

Quem também se emocionou, e não economizou afeto e declarações de amor à cantora, foi Vittar. Se as apresentações de Shawn Mendes e Fergie foram um anticlímax na noite, este primeiro fim de semana de Rock in Rio se encaminha para o fim consagrando a funkeira como sua grande personagem: depois de roubar a cena na sexta com um show solo, Pabllo Vittar aplicou nova surra de bunda e fez no dueto com Fergie a hora mais catártica do show, e mostrou o que é preciso para se conectar com o público daqui. Como a própria disse, se não sabe brincar não desce para o play.

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