Faltando apenas mais um episódio para concluir a oitava temporada, The Walking Dead aproveitou sua penúltima semana para resolver suas tramas paralelas e mostrar Negan (Jeffrey Dean Morgan) retomando o controle.
[Cuidado! Spoilers da oitava temporada de The Walking Dead abaixo]
“Worth”, o capítulo 15, percebe a proximidade do fim para jogar os vários arcos secundários no holofote. Faz todo o sentido: dependendo do resultado da batalha final, é capaz que o nono ano não tenha a participação de Jeffrey Dean Morgan - ou pelo menos sua frequência na tela - para mostrar como o carismático vilão lidará com insubordinação e traição.
Com isso a trama se aprofunda na relação conflituosa entre Negan, Dwight (Austin Amelio) e Simon (Steven Ogg), dupla que há pouco forjou a morte do “chefe” para tentar controlar os Salvadores. Muita da tensão do capítulo vem desse arco: o fato de que Negan está ciente de que foi traído, de que Simon continua fingindo lealdade e de que Dwight está conspirando com o grupo de Rick (Andrew Linlcon). Cada tirada sarcástica que o antagonista dá sobre a falsa fidelidade de seus companheiros relembra o poder de Dean Morgan no papel, desde os momentos onde finge que tudo está bem até quando precisa encarar o problema de frente.
Três Homens em Conflito
A segunda metade da temporada desenvolveu Simon como uma possível ameaça à liderança dos Salvadores, quase como que se planejasse apunhalar o rei pelas costas para sentar-se no trono. Foram várias as situações onde ficava claro que a influência e os métodos de controle de Negan já não eram lá tão eficientes, o que deu muito espaço para o “braço direito” ganhar força e seguidores pelas costas do patrão.
Em “Worth”, a subtrama culmina em uma espécie de impasse mexicano, onde Dwight dá o primeiro tiro ao expor Simon, que por sua vez resolve suas diferenças com o verdadeiro líder na porrada - mas sem tanta sorte. O arco da conspiração chega ao fim com Negan enforcando Simon para passar um exemplo ao seu exército em uma cena de luta visceral - ainda que desnecessariamente curta. É uma despedida morna para Steven Ogg, que entregou uma consistente atuação de qualidade durante toda sua presença na temporada, oscilando entre o insano e ameaçador em questão de segundos.
Mesmo momentaneamente ganhando a confiança do chefe, Dwight também não se safou: é revelado que Laura (Lindsley Register) foi a pessoa quem Negan encontrou na estrada no episódio anterior, e a assistente está mais do que entusiasmada para contar as traições do agente duplo. É então revelado que toda a estratégia que os Salvadores tinham planejado para a batalha final não passava de uma armadilha, uma ilusão para despistar Rick. Com isso, Negan momentaneamente ganha a vantagem na guerra: não só o vilão está de casa limpa como também com uma emboscada em seu arsenal.
Papo motivacional
Outro arco que avança a passos largos em “Worth” é o conflito de Eugene (Josh McDermitt) com seus antigos colegas, Rosita (Christian Serratos) e Daryl (Norman Reedus). Desde que se juntou aos Salvadores (ainda que contra sua vontade), o personagem passou a ganhar influência e até respeito dentro dos inimigos, produzindo munição para o vindouro embate. Os sobreviventes de Alexandria então planejam como acabar com isso ao sequestrar o traidor.
Eugene, por sua vez, declara-se como parte dos antagonistas e foge, mas não antes de ouvir algumas verdade: de que sua vontade de viver não passa de mascarada covardia de morrer, colocando todos os seus aliados na linha de fogo antes de enfrentar suas batalhas. Enquanto isso não parece surtir efeito imediato, rumores já haviam apontado que a colaboração do cientista com Negan não passa de um golpe. Caso as informações sejam verdade, é daqui que a vontade de fazer o bem terá despertado novamente em Eugene.
O mesmo pode ser observado na curta aparição do núcleo principal: Rick finalmente toma coragem de ler a carta deixada por Carl (Chandler Riggs), onde o falecido pinta seu futuro ideal onde mais nenhuma vida precisa ser desperdiçada e a sociedade pode ser reconstruída, com escolas, pizzas, pais e filhos. Mesmo de fora, o garoto mais uma vez se mostra o elo entre protagonista e vilão: os momentos finais do capítulo amarram essa ideia, com Michonne (Danai Gurira) honrando o último desejo do sobrevivente e entregando a carta deixada para Negan - que apesar de sentir as palavras finais, responde com mais latidos de como a única solução é a aniquilação dos desobedientes.
“Worth” é um episódio denso, onde as palavras tomam mais importância do que a ação - o que não é ruim, considerando que sobram pontas soltas antes da resolução final. O capítulo faz um bom trabalho de amarrar alguns arcos e desenvolver outros - como a relação de Aaron (Ross Marquand) com a comunidade Oceanside.
Como grande parte dos momentos mais contemplativos de The Walking Dead, é difícil ver os efeitos de imediato, mas se uma solução pacífica de fato for encontrada nos momentos finais da temporada - seja entre Rick e Negan ou Eugene e seu antigo grupo - então o episódio mostrará sua verdadeira força.
The Walking Dead é transmitida aos domingos pelo canal pago Fox, às 23h30. Além disso, os episódios inéditos entram para o catálogo do serviço de streaming Fox Play no dia seguinte a exibição original. As temporadas anteriores estão disponíveis na Netflix.
