Séries e TV

Crítica

Cobra Kai - 1ª Temporada

Continuação de Karatê Kid explora paternidade e diferença entre gerações através da nostalgia

Omelete
3 min de leitura
20.06.2018, às 06H36.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 16H35

No ápice da era de ouro da televisão, cada vez mais emissoras aparecem para criar conteúdo de qualidade. Considerando o sucesso da plataforma, o YouTube demorou até demais para entrar na jogada - mas logo de cara ficou claro o poder que tinha nas mãos quando anunciou o desenvolvimento de uma sequência de Karatê Kid, clássico de 1984. Ambientada 30 anos após a icônica batalha final, a série de TV Cobra Kai retoma a rivalidade entre Daniel LaRusso e Johnny Lawrence, com os retornos de Ralph Macchio e William Zabka ao elenco.

O primeiro, vencedor inusitado do campeonato de luta, tornou-se um homem de sucesso, bem casado e com uma boa família, enquanto o segundo envelhece fracassado e sozinho. Os caminhos dos dois se cruzam novamente quando Lawrence vê a oportunidade de trazer seu velho dojo de volta ao ensinar Miguel (Xolo Maridueña), seu vizinho, a se defender de valentões da escola.

Desde o início, o seriado não foge de seu legado, e sim o abraça de forma nostálgica: além de ter Zabka e Macchio novamente em seus papéis clássicos, toda a estética do programa abusa de elementos oitentistas - dos carros retrô até o hard rock na trilha sonora. Ao mesmo tempo, o visual não parece exagerar na homenagem e, no fim, parece algo saído diretamente da época. Infelizmente, a única coisa que parece ter ficado para trás são as lutas. Com coreografias fracas e cenas picotadas que não fazem jus a obra original, elas pouco empolgam até os capítulos finais.

Ao mesmo tempo, Cobra Kai reconhece o passar dos anos. A todo momento o programa relembra como os eventos do filme de John G. Avildsen moldaram a vida dos protagonistas e como eles estão fadados a se repetir. É aí que as partes mais interessantes da série começam a aparecer, mostrando uma história sobre os desafios, derrotas e vitórias da paternidade. Daniel e Johnny são homens com problemas parecidos, ainda mais no que diz respeito aos pais. Ambos encontraram no karatê não só personalidade e camaradagem como também figuras paternas nas formas dos senseis Sr. Miyagi (Pat Morita) e de Kreese (Martin Kove), respectivamente.

Com a chegada de novos aprendizes, o seriado traz à tona o debate entre gerações, com os dois tentando repetir sua criação para jovens, parte de um mundo e uma sociedade em constante evolução. O programa frequentemente faz piadas com as estranhas tendências de Millennials e da Geração Z - ocasionalmente sem muito propósito - mas ressalta a importância do diálogo: para o público mais novo, o programa lembra que há valor no conhecimento dos mais velhos; para os com mais idade, explica que as lições precisam estar abertas a novas interpretações para terem utilidade em novas realidades e dinâmicas sociais.

No fim das contas, estar aberto a reinterpretar o passado é o ponto central de Cobra Kai. O programa mostrou conhecer o que tornam os filmes em clássicos atemporais ao mesmo tempo que moderniza certos aspectos para os dias de hoje. Com uma segunda temporada já confirmada, há espaço para desenvolvimento - e melhora - capazes de fazer a série ir ainda mais além da nostalgia.

Nota do Crítico
Ótimo
Cobra Kai
Em andamento (2018- )
Cobra Kai
Em andamento (2018- )

Criado por: Josh Heald e Jon Hurwitz

Duração: 5 temporadas

Onde assistir:
Oferecido por

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