Séries e TV

Crítica

Station 19 - 1ª Temporada | Crítica

A nova série tutelada por Shonda Rhymes não consegue ser mais que um produto desinteressante e genérico

19.05.2018, às 13H04.
Atualizada em 21.05.2018, ÀS 17H53

Station 19, criada por Stacy McKee, nunca escondeu que veio para pegar carona no sucesso de sua prima rica, Grey’s Anatomy. Nos créditos da atração a informação aparece oficialmente: Baseado na série Grey’s Anatomy, de Shonda Rhymes. O oportunismo vai longe e chega a reproduzir no logo do título da série, os mesmos padrões da logomarca de Grey’s quando a série começou, lá atrás. Cores, formas, fonte, tudo igual. A intenção é atrair o público da veterana e assim garantir mais um pseudo-procedural com longevidade.

Mitch Haaseth/ABC/Divulgação

A produção da série (que também tem Ellen Pompeo nos créditos) não se fez de rogada e reproduziu toda a base dramatúrgica também. Herrera (Jaina Lee) é a herdeira de um legado (só que do pai) e quer muito ter uma carreira bem sucedida como capitã do batalhão dos bombeiros número 19. Ela é intensa, muito focada no trabalho, vive sua sexualidade livremente e impressiona pelas habilidades. Ela tem uma história com um bonitão chamado Jack (Grey Damon), com quem disputa espaço no trabalho. Qualquer semelhança com Meredith Grey não é mera coincidência.

A coisa toda vai se espalhando pelos arredores do show. Há um grande time de coadjuvantes e o roteiro-base se preocupa em dar uma função específica para cada um: uma das bombeiros tem fobia de fogo, um dos bombeiros é gay, a outra é lésbica. Cada um com sua posição dramatúrgica específica e que será desenvolvida em semanas alternadas. Coroando tudo, a presença de Ben Warren (Jason George) faz a ponte com Grey’s, o que também resulta em aparições de personagens da série original, sobretudo de Bailey (Chandra Wilson).

Station Nothing

O grande problema aqui é o valor de produção da nova série. Ao decidirem contar a história de um corpo de bombeiros, os produtores deveriam ter pensado no orçamento. Incêndios demandam efeitos especiais caprichados e para fugir deles, os roteiros da temporada dão as piruetas que podem. E todas elas são quase artesanais. Em 10 episódios, eles usam um só para treinamentos, outro só com uma pessoa presa num buraco no asfalto, outro com todos presos numa garagem... Algumas ideias são espertas (como a do ônibus atravessado na rodovia), mas todas elas só escondem o quanto a produção sobre bombeiros não pode lidar muito com fogo. E quando lida, tudo soa bastante amador.

O texto se esforça para tocar nos dramas dos personagens regulares com delicadeza e não existem erros hediondos nesse sentido. Se o espectador menos exigente esquece que pode acessar aquilo em produções melhores, não é capaz de se incomodar com Station 19. Mesmo assim, ela fica na sola do pé de 9-1-1, do FX, que não só tem um valor de produção muito melhor, como também costura seus dramas com mais apuro. Quanto mais você assiste os episódios, mais a sensação de deja vu te toma e não demora para que tudo se revele chapado e previsível.

Recorrendo mais uma vez ao mundo de Grey’s, a criadora prepara uma finale que pretende capturar de vez a atenção do público ao fazer aquilo que só atrapalhou a veterana da ABC nos últimos tempos: o senso de tragédia. Para um primeira temporada e com tantos problemas de produção, chegou a ser ousado encerrar o ano com um tamanho absurdo de cliffhangers. A finale foi anunciada com a tagline “Who Will Survive” e quando o episódio termina, o público não tem nenhuma de suas perguntas respondidas. São 43 minutos preparando uma tensão que não se esclarece em nenhuma de suas ramificações. Nenhuma. Nem Grey’s fazia isso.

A série já está renovada e retorna ainda esse ano para sua segunda temporada, quando pretende nos dizer quem sobreviveu, quem morreu, quem será o capitão... E para tentar fazer um caminho melhor, em busca de identidade, para que não continue soando como uma cópia barata. Barata mesmo, no sentido mais literal da palavra.

Nota do Crítico
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