Cena de Yellowstone, com Kevin Costner

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Yellowstone | Entenda por que a série se tornou um fenômeno de audiência

Atração estrelada por Kevin Costner faz sucesso no Paramount+ e na Netflix

Omelete
4 min de leitura
24.01.2024, às 11H02.
Atualizada em 24.01.2024, ÀS 11H42

Hit indiscutível nos Estados Unidos, Yellowstone estreou no catálogo da Netflix no Brasil em 15 de janeiro e logo tomou a plataforma de assalto. Em poucos dias, a série estrelada por Kevin Costner assumiu o posto de mais assistida do serviço e, desde então, não deixou o top 10.

Se para o público brasileiro a história da família Dutton parece novidade, para os norte-americanos Yellowstone é um verdadeiro fenômeno. Em exibição desde 2018, quando sua primeira temporada estreou no canal pago Paramount Network, a série foi conquistando espectadores até se tornar a mais assistida dos EUA.

No biênio 2022/2023, segundo dados da Nielsen (espécie de Kantar Ibope dos EUA), Yellowstone teve média de 11,5 milhões de espectadores por episódio. Embora não se assemelhe aos números conquistados por atrações antigas, a marca é superior a de atuais sucessos da TV aberta norte-americana, como NCIS e FBI, respectivamente a segunda e terceira que mais atraem público no país.

Para efeito de comparação, Succession, série queridinha da crítica e multipremiada no Emmy, tem como audiência recorde 2,9 milhões de espectadores, registrados no dia da exibição de seu último episódio - segundo dados da HBO (via The New York Times). A quarta e derradeira temporada, quando somadas às transmissões ao vivo e reprises, atingiu média de 8,7 milhões, a mais alta de sua trajetória.

Embora tenha os números a seu favor, Yellowstone custou para ter algum reconhecimento da indústria norte-americana. Sua única indicação ao Emmy foi em 2021, na categoria de Melhor Design de Produção. Em 2023, o Globo de Ouro deu a Kevin Costner o prêmio de Melhor Ator em Série Drama, enquanto o Critics Choice Awards do mesmo ano trouxe duas nomeações à série: Melhor Série Drama e Melhor Atriz em Série Drama, para Kelly Reilly.

Um fenômeno à moda antiga

Quem já parou para assistir a um episódio de Yellowstone, seja na Netflix ou no Paramount+, certamente notou que não há nada de revolucionário na série criada por Taylor Sheridan e John Linson. Pelo contrário: tudo que faz da atração um fenômeno nos EUA já foi visto e revisto inúmeras vezes, na TV e no cinema.

A trama segue a história dos Dutton, tradicional família do estado de Montana, nos EUA, que comanda uma grande fazenda intitulada Yellowstone. Liderados pelo patriarca John (Costner), eles enfrentam inimigos em busca de seu território e poder, seja por interesses políticos ou econômicos. Em meio a isso, os funcionários do rancho seguem suas vidas cuidando de cavalos e gados, sempre com lindas paisagens ao fundo.

Histórias rurais fizeram história na TV norte-americana entre as décadas de 40 e 70. Enquanto Clint Eastwood e John Wayne popularizaram o estigma do cowboy machão no cinema, séries como Os Waltons, Bonanza, Gunsmoke e Dallas levaram o dia a dia dos moradores do campo - e do Velho-Oeste - para as telinhas. O que Yellowstone se propõe a fazer é resgatar esse espírito rural e somá-lo a ingredientes que agitam as tramas de séries atuais, como clãs lutando pelo poder absoluto, ação, mais ação e uma pitadinha de sexo. 

Se Logan Roy (Brian Cox) via seus filhos brigando pela sucessão em Succession, John Dutton também vê seus herdeiros em clima de guerra para conseguir ao menos um pouco de sua validação. Se Breaking Bad e Ozark - e, por que não, Game of Thrones - se popularizaram por disputas territoriais banhadas a sangue entre personagens que todos nós amamos odiar, Yellowstone também o faz, mas com menos apelo da crítica e (muito) mais música country na trilha.

Claro, há atualizações no enredo para que a produção consiga existir nos dias de hoje. Saem as donzelas em perigo e entram personagens como Betty Dutton (Kelly Reilly), obstinada, inteligente e com espírito livre, que não abaixa a cabeça para ninguém. Por tratar-se de uma série rural, ainda há um forte discurso social relacionado às reservas indígenas e ao preconceito contra a população de povos originários, que incendeiam grande parte da trama.

Quem procura por reviravoltas mirabolantes e mistérios cabeludos não vai encontrá-los na história dos Dutton. Aqui, Taylor Sheridan preza pelo simples, uma história cuja rota pode ser alterada de um episódio para outro, com personagens e tramas sendo descartados sem mais nem menos.

Por mais que uma parcela do público não se empolgue com isso, o resultado não poderia ser mais positivo: Yellowstone deu início a um universo próprio, com spin-offs como 1883 e 1923, que contam as origens da família Dutton e a criação do rancho. No caso de Sheridan, o sucesso fez do showrunner o principal nome do Paramount+, ajudando-o a emplacar outros títulos elogiados, como Mayor of Kingstown e Tulsa King.

Em síntese, Yellowstone nada mais é do que um novelão à moda antiga. Tem romance, ação, mortes chocantes e disputas por poder. Há quem diga que seja uma Succession rural, mas, pensando em Brasil, talvez seja o que a Globo sempre quis que Terra e Paixão fosse. Quem sabe um O Rei do Gado americano? Uma coisa é certa: Bruno Mezenga e John Dutton iriam odiar se conhecer.

A Netflix disponibilizou apenas as três primeiras temporadas de Yellowstone. No Paramount+, você encontra todos os episódios já exibidos, até a primeira parte da quinta temporada.

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