Atenção: a lista a seguir é atualizada semanalmente, conforme novos episódios são lançados na HBO
A criadora de True Detective: Terra Noturna, Issa López, nunca escondeu que sua história na antologia faria referência aos eventos da temporada de estreia. Na realidade, já nos trailers, símbolos associados ao caso investigado pelos personagens de Matthew McConaughey e Woody Harrelson eram visíveis no caminho das detetives Danvers (Jodie Foster) e Navarro (Kali Reis). Contudo, conforme os novos episódios são lançados, prevalece a sensação de que esses detalhes não são apenas easter eggs para os fãs de longa data da série, mas sim pistas relevantes para desvendar a misteriosa morte dos cientistas do laboratório de Tsalal, na sombria Ennis.
- Primeiras impressões: Terra Noturna está em seu melhor quando menos lembra True Detective
- [entrevista] True Detective é “uma evolução” de O Silêncio dos Inocentes, diz Jodie Foster
- [entrevista] Issa López tentou fazer Terra Noturna fora de True Detective: "Tive medo”
- [entrevista] Kali Reis diz que carreira no boxe ajudou em True Detective: “É tudo espetáculo”
Enquanto ainda é difícil cravar o quão profunda é a conexão entre casos — e, portanto, o quão relevante são de fato esses acenos —, confira a seguir os principais pontos de convergência das temporadas:
ESPIRAIS
O primeiro indício de que as mortes no laboratório Tsalal e os assassinatos em Louisiana estariam conectados foi a presença de espirais desenhadas nas vítimas de ambos os casos. Em Terra Noturna, o símbolo aparece não apenas na testa de um dos cientistas encontrados no "picolé de cadáveres", como também se descobre que Anne Masu Kowtok (Nivi Pedersen), uma mulher nativa-americana cuja morte nunca foi solucionada, e seu namorado, o cientista de Tsalal desaparecido Raymond Clark (Owen McDonnell), o tinham tatuado no corpo. Além disso, quando fica evidente o relacionamento de Kowtok e Clark, as detetives Danvers e Navarro acham o trailer onde os dois se encontravam e, lá, uma grande espiral também marca o teto.
Na primeira temporada, esta mesma espiral — descrita como um símbolo mais antigo que a própria Ennis por Rose (Fiona Shaw) — era deixada no corpo das vítimas de uma seita de pedófilos e criminosos sexuais, que abusava e sacrificava crianças nos seus rituais em nome do Rei Amarelo. Essa figura, retirada do livro homônimo de Robert W. Chambers, um clássico do terror, era a chave para Carcosa, uma espécie de reino alternativo para o qual os membros da seita estavam tentando ascender — uma ideia que aparece mais proeminentemente para Rust (McConaughey) no finale da temporada.
Em Terra Noturna, no entanto, este não parece ser o caso. Seguindo as ordens de Navarro, Qavvik (Joel D Montgrand) pergunta pela cidade sobre as espirais e encontra um homem que cresceu ouvindo dos avós que deveria correr sempre que as visse. Isso porque elas seriam sinais deixados pelos caçadores para indicar onde o gelo estaria mais fino e, portanto, onde o risco da Terra Noturna os pegar era maior.
Essa descoberta tem relação com a morte de Anne, já que Navarro e Danvers constataram que a morte da ativista ocorreu em uma das cavernas que estão na propriedade da mineradora. Com o acesso principal à cena do crime destruído, as detetives terão que se arriscar em uma tempestade para finalmente encontrar a peça do quebra-cabeça que não só soluciona o crime, como também une toda essa simbologia.
BONECAS
No trailer de Annie e Raymond, outro símbolo familiar da primeira temporada também aparece. Espalhadas pelo teto estão bonecas feitas de palha e tecido, todas penduradas pela cabeça, como se estivessem enforcadas. Como as espirais, estas figuras apareceram na cena do crime de todas as vítimas que, na 1ª temporada, foram usadas nos rituais de sacrifício mencionados há pouco. Ali, elas eram uma espécie de símbolo de identificação entre pedófilos. Por enquanto, porém, não há nada em Terra Noturna que sugira crimes de natureza sexual, nem envolvimento de menores. Logo, seu significado para o caso dos cientistas ainda é um mistério.
TRAVIS COHLE
A ideia de que foi um morto quem revelou a localização de cinco dos corpos dos cientistas de Tsalal por si só chama a atenção. No entanto, não é qualquer homem que aparece na visão de Rose. Como se o visual já não fosse sugestão o suficiente, a aparição, Travis Cohle (Erling Eliasson), tem o mesmo sobrenome que Rust.
Com esse detalhe em mente, a história que Rose conta para Navarro fica ainda mais interessante, porque o homem a quem chama de amante morreu de leucemia, a mesma doença que vitimou o pai de Rust. Aliás, na primeira temporada da série, o detetive de McConaughey até menciona que passou um tempo no Alasca quando seu pai adoeceu.
Ainda assim, tudo isso soaria apenas especulativo se a própria Issa López não tivesse estimulado a teoria. No Twitter, a também diretora e roteirista da série disse: "[Travis] vem diretamente da mitologia da primeira temporada". Quer dizer, nenhum desses detalhes foi colocado em Terra Noturna arbitrariamente.
Twin Peaks is a massive influence, mostly in tone.
— Issa López (@IssitaLopez) January 18, 2024
But no, Travis is his own creature. He comes directly from the mythology of the first season. 😉
TUTTLE UNITED
Cohle, no entanto, não é o único sobrenome importante para este começo de investigação em Terra Noturna — e isso fica claro quando Petey (Finn Bennett), o jovem policial mentorado por Danvers, descobre que o laboratório de Tsalal é financiado pelo grupo Tuttle United.
Se você ficou com a sensação de que já ouvira falar dessa empresa antes, você não está de todo enganado. Isso porque Tuttle é justamente o sobrenome de Billy (Jay O. Sanders), o reverendo e empresário que Rust interroga na 1ª temporada ao descobrir que é ele quem financia as escolas onde estudavam as vítimas da seita. Na ocasião, Billy consegue se desvencilhar das suspeitas do detetive por ser um homem bastante influente em Louisiana. Contudo, seu envolvimento no culto fica explícito anos depois, já que é no cofre dele que Rust encontra o VHS com gravações dos tais rituais de sacrifício.
Embora não tivesse nenhuma conexão aparente entre o assassinato dos cientistas e crimes de natureza sexual, no início o interesse dos Tuttle no laboratório parecia relacionado com a obsessão da seita com Carcosa. Afinal, o objeto de estudo dos pesquisadores eram microorganismos anciões capazes de impedir o envelhecimento celular, ou seja, que poderiam deixá-los um passo mais perto da imortalidade.
Contudo, debruçando-se mais sobre o caso, Petey descobre que a Tuttle United está conectada também à mineradora — sim, aquela que divide opiniões em Ennis por causa da contaminação na água. A teoria de Danvers é que a mineradora financiava o laboratório de Tsalal para interferir no resultado das análises do seu impacto ambiental na cidade, mas, por enquanto, ela ainda não tem muito material para corroborá-la. Ainda assim, o penúltimo episódio deixa claro como a companhia é poderosa e não só tem membros da força policial na sua folha de pagamento, como também tem envolvimento direto com o assassinato de Anne.
Enquanto não temos as respostas para tantas interrogações, confira a nossa entrevista com a criadora da temporada, Issa López, e as atrizes Jodie Foster e Kali Reis: