Carlos Saldanha já passou pelo tapete vermelho do Oscar algumas vezes: A Era do Gelo, A Aventura Perdida de Scrat, Rio e O Touro Ferdinando, todos dirigidos pelo brasileiro,foram indicados ao prêmio da Academia com o passar dos anos. Até por isso, o cineasta está em posição interessante para opinar sobre a dificuldade dos filmes brasileiros no Oscar, e em entrevista ao Omelete ele contou que acompanha as seleções nacionais de perto - mas nem sempre concorda com os filmes escolhidos.
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“Eu não faço parte do processo de escolha do representante do Brasil no Oscar. Todos os anos acompanho o anúncio - e, como todo mundo, às vezes concordo, às vezes não concordo”, comentou. “Mas acho que os filmes brasileiros que se deram melhor lá fora são aqueles que trouxeram não só a nossa identidade, mas também que são acessíveis em um nível global”.
Saldanha citou Central do Brasil (1998), Cidade de Deus (2002) e O Beijo da Mulher-Aranha (1985, coproduzido pelos EUA, mas dirigido por Hector Babenco e estrelado por Sônia Braga) como bons exemplos: “As pessoas do mundo inteiro podem entender a emoção desses filmes. Eles trazem uma genialidade, uma inovação única, um diferencial... mas também são acessíveis, em termos de temática e história, e isso fez com que eles tivessem mais chances no palco global”.
“Os filmes brasileiros que têm sido escolhidos não estão chegando lá, mas temos que pensar também que é uma competição enorme, que o mundo inteiro faz cinema, o mundo inteiro tem filmes bons”, completou o cineasta. “Temos que buscar a excelência, é claro, mas também temos que buscar uma forma de chegar ao coração da pessoa que está vendo, independente de onde ela esteja”.
Sobre sua própria experiência com o Oscar, enquanto isso, Saldanha frisou um lado da premiação que os espectadores não veem: “A primeira vez que eu fui, com A Era do Gelo, tive bem aquela reação de 'será que isso é real, será que eu estou mesmo aqui?'. Depois, você começa a ver que as pessoas que estão ali não são diferentes de você, elas estão engajadas nessa coisa de fazer filme”.
“Não é que você acaba banalizando o Oscar - é sempre um glamour, uma emoção”, brincou ainda. “Mas, se você tirar a coisa toda das roupas, das joias, das luzes, aquele é um mundo de pessoas, e pessoas que estão ali fazendo o seu melhor. É um sentimento muito honesto, das pessoas estarem juntas, uma camaradagem, e é um lado que não aparece na tela, mas que acontece nos bastidores”.
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O novo filme de Saldanha é Harold e o Lápis Mágico, estrelado por Zachary Levi (Shazam!), que conta a história de um homem capaz de transformar tudo o que desenha em realidade. Lil Rel Howard (Corra!), Zooey Deschanel (500 Dias com Ela), Alfred Molina (Homem-Aranha 2) e Jemaine Clement (O Que Fazemos nas Sombras) completam o elenco.
Harold e o Lápis Mágico já está em cartaz nos cinemas brasileiros.