Carlos Saldanha durante entrevista ao Omelete (Reprodução)

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Entrevista

Carlos Saldanha: Brasil precisa buscar “apelo universal” para voltar ao Oscar

Diretor falou ao Omelete de suas experiências no prêmio da Academia

01.09.2024, às 06H00.

Carlos Saldanha já passou pelo tapete vermelho do Oscar algumas vezes: A Era do Gelo, A Aventura Perdida de Scrat, Rio e O Touro Ferdinando, todos dirigidos pelo brasileiro,foram indicados ao prêmio da Academia com o passar dos anos. Até por isso, o cineasta está em posição interessante para opinar sobre a dificuldade dos filmes brasileiros no Oscar, e em entrevista ao Omelete ele contou que acompanha as seleções nacionais de perto - mas nem sempre concorda com os filmes escolhidos.

Eu não faço parte do processo de escolha do representante do Brasil no Oscar. Todos os anos acompanho o anúncio - e, como todo mundo, às vezes concordo, às vezes não concordo”, comentou. “Mas acho que os filmes brasileiros que se deram melhor lá fora são aqueles que trouxeram não só a nossa identidade, mas também que são acessíveis em um nível global”.

Saldanha citou Central do Brasil (1998), Cidade de Deus (2002) e O Beijo da Mulher-Aranha (1985, coproduzido pelos EUA, mas dirigido por Hector Babenco e estrelado por Sônia Braga) como bons exemplos: “As pessoas do mundo inteiro podem entender a emoção desses filmes. Eles trazem uma genialidade, uma inovação única, um diferencial... mas também são acessíveis, em termos de temática e história, e isso fez com que eles tivessem mais chances no palco global”.

Os filmes brasileiros que têm sido escolhidos não estão chegando lá, mas temos que pensar também que é uma competição enorme, que o mundo inteiro faz cinema, o mundo inteiro tem filmes bons”, completou o cineasta. “Temos que buscar a excelência, é claro, mas também temos que buscar uma forma de chegar ao coração da pessoa que está vendo, independente de onde ela esteja”.

Sobre sua própria experiência com o Oscar, enquanto isso, Saldanha frisou um lado da premiação que os espectadores não veem: “A primeira vez que eu fui, com A Era do Gelo, tive bem aquela reação de 'será que isso é real, será que eu estou mesmo aqui?'. Depois, você começa a ver que as pessoas que estão ali não são diferentes de você, elas estão engajadas nessa coisa de fazer filme”. 

Não é que você acaba banalizando o Oscar - é sempre um glamour, uma emoção, brincou ainda.Mas, se você tirar a coisa toda das roupas, das joias, das luzes, aquele é um mundo de pessoas, e pessoas que estão ali fazendo o seu melhor. É um sentimento muito honesto, das pessoas estarem juntas, uma camaradagem, e é um lado que não aparece na tela, mas que acontece nos bastidores”.

O novo filme de Saldanha é Harold e o Lápis Mágico, estrelado por Zachary Levi (Shazam!), que conta a história de um homem capaz de transformar tudo o que desenha em realidade. Lil Rel Howard (Corra!), Zooey Deschanel (500 Dias com Ela), Alfred Molina (Homem-Aranha 2) e Jemaine Clement (O Que Fazemos nas Sombras) completam o elenco.

Harold e o Lápis Mágico já está em cartaz nos cinemas brasileiros.