A transição da animação para o live-action é notoriamente difícil para cineastas, que o digam nomes como Brad Bird (de Os Incríveis para Tomorrowland), Andrew Adamson (de Shrek para Mister Pip) e Andrew Stanton (de Wall-E para John Carter). Agora, quem trilha esse caminho é o brasileiro Carlos Saldanha, que fez sua estreia no live-action com Harold e o Lápis Mágico após assinar clássicos contemporâneos do desenho animado, como Era do Gelo e Rio - e ele admite sem rodeios, em entrevista ao Omelete, que sentiu a dificuldade de fazer este pulo.
“Eu curti muito o live-action, mas foi bem difícil. Não vou dizer que não foi um desafio. [...] Toda a equipe ao meu redor no set tinha muito mais experiência do que eu”, comentou. “Apesar de eu ter 28 anos de cinema, foi tudo em filmes de animação... tem partes parecidas, a gente trabalha com roteiro, com atores, mas o processo é um pouco diferente. Então eu não hesitei em falar: 'Galera, vocês tem que segurar a minha mão também!'”.
De acordo com Saldanha, felizmente, a equipe de Harold foi bastante acolhedora com sua trepidação de iniciante: “Montar a equipe certa te dá a tranquilidade de aprender as coisas, e é claro que nas primeiras semanas foi uma correria... é trocar a roda do carro enquanto o carro está andando, sabe? Só depois você pega o ritmo, e as coisas vão se encaixando”.
“Foi muito legal poder ver as cenas se formando na minha frente, com os atores fazendo. Na animação, a gente faz tudo meio separado, né?”, continuou o cineasta. “Já no live-action, apesar da tensão de você estar em um set de filmagem, com todo mundo ali trabalhando, o tempo limitado, a confusão toda... quando você vê o take, a cena se formando, é a mágica do cinema. Sei que é um clichê: qual é a mágica do cinema? Mas a verdade é que ela está ali, em ver a coisa acontecendo”.
O gosto pelo formato foi tanto, inclusive, que ele não pretende sair do live-action tão cedo. O próximo projeto de Saldanha é 100 Days, um filme - também com atores em carne e osso - sobre o velejador brasileiro Amyr Klink, que completou em 1984 uma travessia do Oceano Atlântico em um barco a remo, feito nunca alcançado antes disso. Ao Omelete, o cineasta falou um pouco do que esperar desta nova aventura.
“É uma história mais adulta, mas nada que impeça jovens e adolescentes de assistirem também, funciona para todas as idades”, comentou ele, definindo Klink como “um herói brasileiro”. “Acho que eu sempre busco histórias que me desafiem, então já fiz bastante filme família - e continuo fazendo, olha o Harold aí -, mas não significa que eu vou fazer só isso. Eu quero sempre experimentar e testar, nunca quero parar de aprender”.
Estrelado por Zachary Levi (Shazam!), Harold e o Lápis Mágico conta a história de um homem capaz de transformar tudo o que desenha em realidade. Lil Rel Howard (Corra!), Zooey Deschanel (500 Dias com Ela), Alfred Molina (Homem-Aranha 2) e Jemaine Clement (O Que Fazemos nas Sombras) completam o elenco.
Harold e o Lápis Mágico já está em cartaz nos cinemas brasileiros.