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Caçadores de Emoção - Além do Limite | Crítica

Uma aventura tão esquecível quanto bem filmada

29.01.2016, às 12H20.

Não dá pra considerar Caçadores de Emoção - Além do Limite um remake do filme dirigido por Kathryn Bigelow em 1991. Se não repetisse os nomes do protagonistas, o longa de Ericson Core pode considerar a aventura original uma inspiração e nada mais que isso. São duas horas de uma história simples com fatores prontos para o sucesso, mas recheadas de pretensões que sublimam uma das únicas coisas que o filme tem de bom: o visual. A fotografia requintada e os locais escolhidos são fatores positivos em uma aventura tão esquecível quanto bem filmada.

A dupla que marcou época na década de 1990 volta na pele de Édgar Ramirez (Bodhi) e Luke Bracey (Johnny Utah). O primeiro é um quase um ativista ambiental que tira dinheiro dos ricos para devolver aos pobres (e à natureza); o segundo é um ex-atleta radical que acaba de entrar no FBI e vai investigar as peripécias de Bodhi e Cia. Apesar da sinopse parecida, o funcionamento deste ‘reboot’ é semelhante ao de O Vingador do Futuro com Colin Farrell. Usa de atributos consagrados para recriar uma história com contexto e motivações diferentes - uma combinação falha.

O roteiro de Caçadores de Emoção assume que colocar uma responsabilidade ecológica na gangue de Bodhi é o que fará o espectador se conectar com os personagens. Iniciativa lógica, caso existesse algum carisma ou talento nos atores que compõem o grupo. Os diálogos não ajudam, mas ninguém sai a salvo das conversas constrangedoras entre ladrões. Nem mesmo Édgar Ramirez, que apesar de ser o melhor Bodhi que o texto permite, não salva o filme de uma série de cenas desnecessárias enquanto está lecionando Utah sobre a ‘força da natureza’.

Além do Limite impressiona quando cai de cabeça nos esportes radicais. Não existe drama ou algum cuidado na narrativa das cenas, mas todas elas são filmadas dando preferência às manobras e paisagens. Venezuela, México, Havaí, Itália, Áustria e outros países servem de cenário para sequências dignas de um bom clipe do canal Off. O 3D, aqui bem convertido, causa vertigem e ajuda na hora da ação. Em uma cena de escalada, por exemplo, a sensação de estar no alto da montanha é latente. Um uso raro e eficiente da tecnologia.

Caçadores de Emoção não possui o carisma ou estilo de seu antecessor, mas carrega alguns minutos de deslumbre visual. Isso não é o suficiente para mascarar um roteiro que sequer dá espaço para talentos comprovados como de Ramirez ou Ray Winstone. Ele faz o contrário e expõe algumas promessas, como Luke Bracey. A única tarefa cumprida com louvor pelo filme de Ericson Core é reproduzir belezas naturais na tela de cinema, mas que isoladas não fazem a experiência ser válida.

Nota do Crítico
Regular