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Crítica

Gato de Botas 2 traz jornada de amadurecimento e reanima franquia com pé direito

Produção alia velha fórmula da DreamWorks com tecnologia das novas animações

26.12.2022, às 16H00.

São 12 anos que separam Gato de Botas 2: O Último Pedido do seu primeiro longa, que nos apresentou a história de origem do personagem surgido em Shrek 2. Com seu retorno às telonas em uma produção que passou por diferentes diretores, a apreensão para que o longa honre a franquia de sucesso da DreamWorks é natural. A preocupação, porém, se esvai logo nos primeiros minutos com uma abertura de muita ação e música. Gato de Botas 2 vem para provar que todo gato cai de pé.

A nova aventura mostra Gato (Antonio Banderas) descobrindo que perdeu oito de suas nove vidas em suas aventuras e peripécias. Quem dá a notícia de sua sentença é o Lobo Mau, representado como um ceifador (com Wagner Moura na voz original), e para ter de volta suas vidas, Gato deve ir até a Floresta Negra encontrar a mítica Estrela dos Desejos. O bigodudo não é o único em busca da fonte dos pedidos, no entanto: Cachinho Dourados, os Três Ursos e Jack Horner também têm interesse em almejar a estrela.

Com um humor tímido comparado às gags paródicas de Shrek, a primeira história do Gato de Botas nos apresentava o anti-herói e suas famosas botas. Na época, o estúdio provou estar na crista da onda em relação à tecnologia 3D e entregou uma animação agradável que envelheceu bem, com foco na ação. Agora, em O Último Pedido, a DreamWorks resgata o parentesco com Shrek (esculachar os contos de fadas e preservar um humor acessível para o público infantil), enquanto atualiza seu visual com a técnica que mistura o 2D e 3D com movimentos mais dinâmicos e fluidos, como em Aranhaverso e A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas.

O resultado é uma aventura com cenas de ação energéticas - sem cair num frenesi de informações visuais, de produções como Uma Aventura Lego - que usa com esmero os contos de fadas como alívio cômico, sem fazer disso seu principal alvo, como em Shrek. A jornada, também, parece mais bem trabalhada do que em sequências desperdiçadas como Desencantada.

O tempo de produção deste novo Gato de Botas parece ter contribuído para que tudo parecesse bem afinado. Tanto protagonista quanto coadjuvantes têm suas tramas e subtramas bem exploradas, e que abordam temas como o luto, traumas, autoconhecimento e relacionamentos. Ainda que Jack Horner seja mais caricato comparado aos outros personagens, o antagonista baseado na canção de ninar americana entrega uma química aceitável com o Grilo Falante como sua consciência.

Gato de Botas 2: O Último Pedidonão só executa com competência a receita da ação com humor como ainda acena para o futuro, com uma menção que pode acender a nostalgia dos fãs de diversas idades. Se a DreamWorks realinha a narrativa do gatuno espanhol com o humor paródico visto em Shrek, nada mais natural que esse resgate seja arrematado com um fan service.

O longa chega em 5 de janeiro de 2023.

Nota do Crítico
Ótimo