Trabalhador esforçado não encontra tempo para a família e por conta disso perde sua esposa. Como está sempre tentando conseguir uma mega-conta para a empresa não consegue cuidar direito dos filhos. Repentinamente, entra em sua vida um elemento externo que sacode as coisas, fazendo com que ele encare a sua realidade e seja forçado a olhar para tudo o que está perdendo.
A idéia, batidaça, é mais uma vez empregada em A casa caiu (Bringing Down the House, 2003). Nele, o outrora hilário Steve Martin vive Peter Sanderson, um advogado tributarista que foi incumbido de convencer uma irritante senhora milionária (Joan Plowright) de que sua empresa é a melhor para seus investimentos.
Nas horas vagas, Sanderson bate papo via internet com uma simpática advogada loira que parece ser a mulher ideal para um novo relacionamento, já que sua primeira esposa agora namora um garotão. Porém, a amiga online acaba revelando-se uma negra desbocada e mal-educada. Longe de ter passado no exame da Ordem, ela é, na verdade, uma ex-presidiária que quer reabrir seu caso para provar que foi erroneamente condenada. Essa figura é interpretada por Queen Latifah, indicada ao Oscar 2003 de Melhor Atriz Coadjuvante por Chicago.
Sem conseguir escapar das armações da mulher, já que qualquer escândalo em sua vida seria terrível para a conta que pretende conseguir, Peter acaba aceitando ajudá-la. Contudo, ele não faz idéia de que pode perder muito mais que a cliente milionária, já que ela está na mira de perigosos bandidos...
O filme tem alguma graça no final, quando Steve Martin é obrigado a agir como uma espécie de Eminem sessentão, mas fora isso tem muito mais suspiros de tédio do que gargalhadas. E se isso já não fosse o suficiente para um fracasso, há ainda uma "guerra de raças", lotada de estereótipos gritantes, como os arrogantes branquelos constipados dos condomínios de luxo ou os negros farofeiros fumadores da maconha do bairro barra-pesada. Deprimente. É dificil entender como o filme conseguiu tamanho sucesso nas bilheterias dos Estados Unidos, onde a lei do "politicamente correto" é tão sagrada.