As histórias do Dr. Seuss, famosíssimas nos países de língua inglesa, encontram pouco público aqui no Brasil, apesar da temática universal e ainda bastante atual. Depois de O Grinch (2000), O Gato (2003) e Horton e o Mundo dos Quem (2008), chega agora a nova adaptação de seus livros para o cinema, desta vez pelas mãos do estúdio que lançou recentemente Meu Malvado Favorito e Hop, a Illumination Entertainment. Novamente temos um longa-metragem totalmente feito por computação gráfica e, pela primeira vez, em 3D estereoscópico, o que faz todo o sentido para os cenários coloridos e fantásticos criados pelo estadunidense Theodor Seuss Geisel (1904 - 1991).
O Lorax
O Lorax
O Lorax
Apesar do título do filme, o personagem principal da nova animação não é o Lorax (voz original de Danny DeVitto). Aliás, dá até para dizer que também não são o Ted (Zac Efron), muito menos o Umavez-ildo (Ed Helms). O principal da trama é mesmo a mensagem, que fala sobre a vontade de se dar bem e as consequências que esta ambição pode ter na vida de uma pessoa e no mundo em que ela vive. Mais um alerta voltado às crianças sobre os riscos que o progresso traz à natureza e ao próprio futuro.
Neste caso, temos o jovem Ted, apaixonado por Audrey (Taylor Swift) e que não medirá esforços para conquistá-lá. Mesmo que para isso tenha que sair de Sneedville - a cidade artificialmente perfeitinha onde mora - para achar a última trúfula, uma árvore de aparência colorida e de textura incrivelmente macia. O local onde vive é cercado por enormes paredes, que separam o colorido industrial da natureza monocromática que sobrou do lado de fora.
A cidade murada lembra o espaço onde vive Jim Carrey em O Show de Truman (1998), enquanto a necessidade de consumir ar puro enlatado certamente deve ter inspirado Mel Brooks em seu S.O.S. Tem Um Louco Solto no Espaço (1987). Nada disso está no texto original, mas ajuda a dar mais força à história que será contada ao exagerar ainda mais os problemas que vêm com a artificialização do mundo.
O Lorax mesmo só vai aparecer quando Ted e Umavez-ildo finalmente se encontram e o segundo começa a contar sua história pregressa, dos dias em que chegou ao Vale da Trúfula, onde viviam peixes cantores, cisnes cismados e barbalutes, exemplo de fofura em formato de urso. Ao cortar a primeira árvore de trúfula para produzir um "sneed" (que tem mais utilidades que o Bombril), surge do toco o Lorax, um defensor da natureza. O ser laranja e bigodudo tenta avisá-lo com palavras - e depois com ações - os problemas que aquele ato vai causar, mas o ganancioso Umavez-ildo só quer saber de produzir mais e mais sneeds e vai derrubando as árvores uma a uma.
A batalha travada entre os dois é intensa e pode até lembrar os desenhos do Pernalonga no seu início, mas seu desfecho é bem mais sério, passando às crianças a seriedade que a situação pede sem ser chato. Enquanto os livros de Dr. Seuss não caem nas graças dos brasileiros, pelo menos temos a chance de ver suas histórias em ótimas animações que fazem jus às suas criações e belas parábolas. Depois de Horton e Lorax, qual será o próximo?
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