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Crítica

Pequena Grande Vida | Crítica

Alexander Payne encontra humor na catástrofe em filme que literalmente diminui Matt Damon

12.09.2017, às 21H18.
Atualizada em 13.09.2017, ÀS 08H00

É tudo uma questão de perspectiva. Um problema impossível para um é uma piada para outro. O mais rico dos homens terá seus dilemas, que serão completamente diferentes das questões que afligem o mais pobre. Entender essas visões da existência é complicado, mas Alexander Payne encontrou a resposta na abordagem literal de Pequena Grande Vida (Downsizing).

Paul Safranek (Matt Damon), o protagonista, é um homenzinho triste que vive para cuidar dos outros, mas não encontrou a si mesmo. Quando escuta a notícia de que cientistas noruegueses descobriram como reduzir matéria orgânica, incluindo seres humanos, o seu mundo parece se expandir, mas não o suficiente para que ele faça alguma coisa a respeito. Apenas anos depois, pressionado a dar uma vida melhor para sua esposa (Kristen Wiig), ele decide que encolher é a melhor forma de diminuir os problemas.

Payne trata com encantamento todo o processo de “redução” - a magia da ciência por uma ótica retrô e bem humorada. O diretor, que assina o roteiro com Jim Taylor, se diverte a cada passo e, como já é característico na sua filmografia, encontra comédia dentro de toda catástrofe. É um truque para evitar o sentimentalismo e que aproxima qualquer história da realidade, por mais fantástica que seja.

Se Safranek representa toda a frustração do homem médio mal resolvido é preciso confrontá-lo com outras realidades para que seus problemas ganhem perspectiva. De um lado está o divertido Dursan Mirkovic (Christoph Waltz), um bon vivant que descobriu como lucrar alto no mundo dos pequenos (transformando um charuto normal em cem, uma garrafa de Vodka em mil, por exemplo). É ele que mostra a Safranek como aproveitar a vida em um mundo onde ninguém quer mais trabalhar. De outro, a sobrevivente vietnamita Ngoc Lan Tran (Hong Chau) revela sem rodeios que alguém sempre precisará sofrer para o conforto de outros, que sempre existirá exploração, não importa a escala da humanidade.

Apesar de ser literal na sua percepção espirituosa, Pequena Grande Vida evita o discurso óbvio. Payne criou uma alegoria não para descobrir que sempre existem problemas maiores por aí, mas para entender que, às vezes, a solução está em não olhar apenas para o próprio umbigo.

Nota do Crítico
Ótimo