Para um personagem secular, Sherlock Holmes está bem na moda. Além desta franquia de filmes estrelada por Robert Downey Jr. e que traz Jude Law como Watson, a criação de Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930) também está na TV, com uma série da BBC que o coloca resolvendo crimes nos dias de hoje, além da sua versão médica chamada House. E como toda pessoa inteligente - e nós sabemos como ele é acima da média - Sherlock Holmes aprende com os seus erros.
Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras
Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras
Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras
Neste segundo filme dirigido por Guy Ritchie, toda a ação exagerada do terceiro ato é dissolvida em várias outras boas sequências, dando ao cérebro (nosso e do personagem) mais espaço para trabalhar. Não me entenda mal, a história continua cheia de aventuras, perseguições e pancadaria, mas tudo isso aparece agora envelopado em uma trama mais atraente para quem sempre gostou das investigações conduzidas pelo teimoso, egocêntrico e genial personagem. Muito disso graças ao vilão escolhido, o grande arqui-inimigo de Sherlock, Moryarty. O personagem já havia aparecido nas sombras durante o primeiro filme, mas agora finalmente mostra sua cara.
Especulava-se durante o primeiro filme que Moriarty poderia ser interpretado por Brad Pitt, que havia feito Snatch com Ritchie, mas não dá para reclamar da performance do escolhido Jared Harris (Mad Men). Falta-lhe o carisma do marido da Angelina Jolie, mas tudo bem, afinal ele é o vilão, e Harris dá ao personagem a astúcia necessária para alguém que se acha acima da média e trava uma poderosa batalha com Sherlock. O embate derradeiro entre os dois - ao lado de um tabuleiro de xadrez - é uma das melhores cenas da franquia até agora, pois dá uma nova utilização a um efeito que já começava a ficar enfadonho, de tanto que havia sido utilizado.
Outra cena que chama muita atenção é a fuga pela floresta. Para filmá-la, o cineasta utilizou a câmera Phanton, que grava até mil quadros por segundo (uma câmera normal faz 24). Correndo com ela através das árvores, vemos a potência dos disparos feitos contra nossos heróis, que passam em altíssima velocidade destruindo tudo ao seu redor. É o arsenal que Moriarty quer espalhar pela Europa, plano que Sherlock vai desvendando aos poucos.
A trama é uma versão macro do que se vê no livro O Problema Final (1893), em que o detetive começa a suspeitar que uma série de roubos não poderia ser mero acaso e que alguém maior por trás de todos eles. Em O Jogo de Sombras (Sherlock Holmes - The Game of Shadows), tudo isso é expandido para muito além de Londres, levando o investigador e seu parceiro Dr. Watson à França, Alemanha e Suíça, para tentar deter Moriarty e a primeira Guerra Mundial. A cada novo cenário são mostrados o desenvolvimento presente no fim do século 19, como a construção do metrô de Londres e a basílica da Sacré-Coeur, em Paris.
Além de Watson, que agora está casado com Mary (Kelly Reilly), Sherlock utiliza também a ajuda de seu irmão, o não menos excêntrito Mycroft (Stephen Fry) e a cigana Simza (Noomi Rapace). Aliás, as cenas de ação em que a atriz sueca aparece são pontuadas por uma empolgante trilha sonora composta por Hans Zimmer (Batman - O Cavaleiro das Trevas), que mais uma vez utiliza violinos. Falta à Simza, porém, algo para ganhar o público. Os roteiristas acertaram ao não colocá-la para substituir Irene Adler (Rachel McAdams) como interesse romântico de Sherlock, mas sem este elemento, lhe falou algo que fizesse o público se interessar mais pela personagem.
Com mais acertos do que erros, Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras consegue superar o primeiro filme, mantendo o personagem divertido o suficiente para um cada vez mais elementar terceiro filme.
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