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Crítica

Tom e Jerry: O Filme tem envelopagem moderna mas acerta ao confiar no clássico

Longa de Tim Story retoma interações tradicionais da dupla em mistura carismática de animação e live-action

20.02.2021, às 15H28.

É sempre delicado fazer uma releitura de uma produção clássica, principalmente quando se mexe com um conteúdo atemporal, que marcou a infância de tantas gerações. Quando a Warner Bros. anunciou um novo filme de Tom e Jerry, diversos fãs estremeceram com a ideia de trazer o desenho clássico para a modernidade, até porque o último filme, de 1992, deixou muitos frustrados. Mas o novo longa, comandado por Tim Story, soube encontrar um bom equilíbrio entre o novo e o velho. Com uma roupagem moderninha, Tom e Jerry: O Filme pode ter mudado bastante coisa, mas acertou ao manter a essência dos eternos rivais.  

Certamente o elemento mais chamativo na obra de Story é a decisão de fazer uma mistura entre live-action e animação 2D, e o filme colapsaria se a fusão não funcionasse. E apesar de certo estranhamento no início - afinal, a mistura é algo que não se vê há algum tempo no cinema - Tom e Jerry: O Filme logo revela um visual harmonioso. Fazer de todos os bichos da cidade animados resulta em um charme único, complementado pelo agrado de ver a duplinha em um visual familiar. 

Mas não é só de Tom e Jerry que se faz Tom e Jerry: O Filme, e o longa de Story leva o gato e o rato para um hotel em Nova York e os coloca no meio de uma trama totalmente 2020. No longa, os dois se envolvem nos preparativos do casamento de um casal influencer. A jovem Kayla (Chloe Grace Moretz), uma pequena vigarista que enganou a gerência para conseguir um cargo na hospedaria, precisa se livrar de Jerry e contrata Tom para o serviço. Enquanto Kayla tenta se passar por uma boa profissional, o gerente Terrance (Michael Peña), não compra a imagem e tenta desmascará-la.

A trama humana funciona até certo ponto, principalmente porque remete à um clima confortável de sessão da tarde, mas a realidade é que o duelo entre Tom e Jerry, que permeia todos os acontecimentos, é o foco das piadas e rende os melhores momentos. Apesar do bom elenco - com destaque para Rob Delaney e Ken Jeong - o importante não está no mundo dos humanos. Neste sentido, Tom e Jerry: O Filme chama mais atenção pelas oportunidades perdidas. 

Michael Peña, um dos atores mais carismáticos da atualidade, tinha tudo para ser o herói da trama, mas fica apagado em um papel sem sal. Isso acontece porque nossa protagonista humana precisa salvar o dia e se redimir para que o filme complete seu arco, mas a jornada de Kayla se encerra com uma mensagem no mínimo questionável, de que a nova geração é capaz de tudo mesmo sem grandes experiências. 

Havia também um potencial de introduzir crianças a uma sonoridade mais clássica, algo que sempre embalou o desenho, e por mais que o longa tenha sim uma trilha sonora referencial ao original, ele prioriza baladas pop. Mas isso fica em segundo plano porque o que importa é que as pequenas crianças vão se animar com as pombas dançantes, e com as diversas artimanhas dos dois protagonistas, muitas das quais recriam fielmente momentos icônicos do desenho. 

Para quem é fã das antigas, aparições de personagens como Spike, Butch e Frufru certamente agradarão, mas a verdade é que Tom e Jerry: O Filme privilegia o divertimento dos pequenos à nostalgia dos adultos, acertando ao dar para cada um dos públicos a recompensa que merece. 

Nota do Crítico
Bom