A matemática é uma ciência exata. E por isso é fácil entender os motivos que levaram os produtores a já anunciar uma continuação de Os Estranhos (The Strangers, 2008), filme que mistura o suspense com o terror e assustou gente o suficiente para faturar saudáveis 54 milhões de dólares nos cinemas da América do Norte ao custo de produção estimado em 10 milhões.
Os Estranhos
Os Estranhos
Palmas para Bryan Bertino, roteirista e diretor do filme. Apesar de ser estreante em longas-metragens, esse jovem texano de apenas 31 anos utiliza muito bem a trilha sonora para criar o clima certo, mostra que sabe como usar a câmera e dar sustos com uma montagem bem pensada. E pelo tipo de filme que decidiu fazer, não é difícil imaginar também que ele é um grande fã do gênero "slasher-film", imortalizado no fim dos anos 70 e toda a década de 80 em séries como Sexta-Feira 13 e Halloween.
O problema é que sua história não convence. Nada contra os psicopatas que surgem às 3h da madrugada em uma cabana no meio do nada. Isso nós sabemos que acontece o tempo todo. Pelo menos em Hollywood (e, pelo jeito, no Texas também). O que não dá pé são os motivos que levam o casal de sofredores protagonistas a cumprir à risca toda a lista do que não se deve fazer em um filme de terror.
De deixar a menina sozinha no meio do ataque a tentar arranjar ajuda usando o rádio amador que está no celeiro (hello-oooo), todos os clichês estão aqui. E usados das formas mais erradas possíveis, já que o filme tenta se vender como algo "baseado em eventos reais". Me expliquem como um trio de malucos - que na teoria é composto por pessoas "normais" (sem superpoderes ou atividades paranormais) - consegue antever os próximos passos das suas vítimas e ainda se mexer mais rapidamente do que um atleta anabolizado. Ah e sem fazer barulhos, porque senão não há sustos, né?
Tudo o que acerta na primeira etapa, mostrando a difícil noite que já estava tendo o casal Kristen McKay (Liv Tyler) e James Hoyt (Scott "namorado da Felicity" Speedman), Bertino erra no desfecho. Mas agora, depois de um ano inteiro de atraso para o seu lançamento nos Estados Unidos, fica difícil saber se os seguidos adiamentos foram para acertar o que estava ruim, ou estragar o que estava bom. O fato é que o final do filme não esconde de ninguém que o intuito por trás de toda aquela tortura psicológica era criar uma nova franquia. E nisso ele até se sai bem.