Apesar das promessas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de que a 75ª Edição do Oscar seria mais sóbria, se um telespectador desavisado começasse a assistir à festa sem saber dos terríveis eventos em andamento no Oriente Médio, nem desconfiaria disso. Pelo menos até a metade da festa...
Steve Martin foi o mestre de cerimônias, pelo segundo ano, e se saiu bem. A abertura foi bastante engraçada, com piadas envolvendo a platéia. Interessante citar que, por medida de segurança, os produtores não informaram quais seriam os apresentadores dos prêmios e atrações.
Chicago, como já era previsto, foi o maior vencedor da noite. Levou, na ordem, Direção de Arte, Figurino, Atriz Coadjuvante (Catherine Zeta-Jones), Som, Montagem e a mais importante - Melhor Filme.
Nas maiores surpresas do evento, Roman Polanski (ausente pois não pode entrar nos Estados Unidos) ganhou o Oscar de Melhor Diretor por O pianista, enquanto Adrien Brody, ficou com o prêmio de Melhor Ator.
Brody, no maior e mais bonito discurso da noite, agradeceu aos pais, a Roman Polanski (cujo nome foi bastante aplaudido) e a Wladyslaw Szpilman (1911-2000), judeu polonês que viveu os horrores narrados no filme. O ator também fez com que os produtores concedessem mais tempo para a segunda parte de seu discurso de agradecimento, na qual pediu uma solução pacífica para os conflitos no Oriente Médio. Segundo Brody, o seu trabalho em O pianista abriu seus olhos para as tragédias da guerra.
Como Melhor Atriz, Nicole Kidman levou o prêmio por As horas e fez o discurso mais chato da festa. Como dito na resenha do filme aqui no (o), apesar de uma atuação realmente diferenciada, a atriz não fez nada a mais do que as outras protagonistas da fita dirigida por Stephen Daldry.
A primeira entrega foi para o prêmio de Melhor Animação. Criado ano passado e entregue a Shrek. Este ano a honraria ficou, muito mais que merecidamente, com Spirited Away, que bateu o favorito, A era do Gelo. Devo confessar que gostei. O filme é, sem duvida, um dos melhores do ano passado. :-)
O segundo prêmio - Efeitos Especiais - ficou com O Senhor dos Anéis - As duas torres, seguido pelo de Melhor Ator Coadjuvante, que teve uma pequena introdução, listando os vencedores da categoria dos anos passados. A estatueta foi entregue a Chris Cooper (Adaptação), que não resistiu (a Academia pediu que ninguém fizesse isso) e fez uma pequena manifestação contra a guerra. A primeira da festa.
Gael García Bernal (E sua mãe também) foi o segundo, arrancando aplausos da platéia. Todavia, foi a terceira manifestação que despertou a maior polêmica da noite. Michael Moore, ganhador do prêmio de Melhor Documentário por Jogando boliche por Columbine, foi aplaudido (e vaiado) de pé. Moore protestou contra a política internacional de George W. Bush e disse que é uma vergonha que Bush tenha vencido a eleição de maneira fictícia e iniciado a guerra ao Iraque. Depois dele, Nicole Kidman fez uma pequena menção ao conflito e o presidente da Academia, contrariando a própria recomendação (provavelmente para que a Academia não parecesse insensível), também pediu paz.
A primeira apresentação de canção indicada foi I Move On, de Chicago, interpretada por Queen Latifah e Catherine Zeta-Jones, aos 8 meses (!) de sua segunda gravidez. Na ordem, seguiram-se Paul Simon (Father And Daughter, de Os Thornberrys), Caetano Veloso & Lila Downs ("Burn It Blue", de Frida) e U2 (The Hands That Built America, de Gangues de Nova York). Faltou apenas Eminem, de 8 Mile. O cantor declarou recentemente não estar nem aí para o prêmio. Querendo ou não, o Oscar foi mesmo nas mãos do rapper, que não apareceu para buscá-lo.
Em um momento divertido, Jennifer Garner (a Elektra de Demolidor) dividiu o palco com Mickey Mouse na apresentação de Melhor curta de animação. O vencedor foi o bacana The Chubchubs, a primeira tentativa da Sony/Columbia em fazer uma animação com computação gráfica.
Julie Andrews apresentou o tradicional número musical da noite. Apropriadamente, a montagem homenageou os musicais dos 75 anos da festa. Na mesma linha, também houve uma homenagem à própria premiação, com depoimentos de antigos ganhadores, outra com antigos presidentes e a final, reunindo 59 ganhadores do prêmio no passado, identificados um a um.
Para coroar a injustiça no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, depois da não-indicação de Cidade de Deus, a estatueta ficou com o alemão Nirgendwo in Afrika, filme sobre o cotidiano de judeus na África. A escolha é coerente aos prêmios entregues em anos anteriores a A vida é bela, A lista de Schindler e tantos outros que falam sobre o povo judeu, afinal, boa parte dos membros da Academia é de origem judaica.
Enfim, as transmissões da TNT e SBT foram boas, com destaque à do Sistema "Bozo" de Televisão. A tradução simultânea do canal estava boa, aliada aos comentários enciclopédicos (e às vezes um tanto fúteis) de Rubens Ewald Filho.
Confira abaixo os ganhadores:
(em negrito)
Melhor ator
- Adrien Brody (O pianista)
Nicolas Cage (Adaptação)
Michael Caine (O americano tranqüilo)
Daniel Day-Lewis (Gangues de Nova York)
Jack Nicholson (As confissões de Schmidt)
Melhor ator coadjuvante
- Chris Cooper (Adaptação)
Ed Harris (As horas)
Paul Newman (Estrada para Perdição)
John C. Reilly (Chicago)
Christopher Walken (Prenda-me se for capaz)
Melhor atriz
- Nicole Kidman (As horas)
Salma Hayek (Frida)
Diane Lane (Infidelidade)
Julianne Moore (Longe do Paraíso)
Renée Zellweger (Chicago)
Melhor atriz coadjuvante
- Catherine Zeta-Jones (Chicago)
Kathy Bates (As confissões de Schmidt)
Julianne Moore (As horas)
Queen Latifah (Chicago)
Meryl Streep (Adaptação)
Melhor longa-metragem de animação
- Spirited Away - A viagem de Chihiro
A era do gelo
Lilo & Stitch
Spirit: O corcel indomável
Planeta do Tesouro
Direção de arte
Fotografia
- Estrada para Perdição
Chicago
Longe do Paraíso
Gangues de Nova York
O pianista
Figurino
Direção
- Roman Polanski (O pianista)
Rob Marshall (Chicago)
Martin Scorsese (Gangues de Nova York)
Stephen Daldry (As horas)
Pedro Almondóvar (Fale com ela)
Melhor documentário
- Jogando boliche por Columbine
Daughter from Danang
Prisoner of Paradise
Spellbound
Winges Migration
Melhor Documentário Curta-Metragem
- Twin Towers
The collector of Bedford Street
Mighty Times: The legacy of Rosa Parks
Why Cant´s Be a Family Again?
Melhor montagem
Melhor filme estrangeiro
- Nowhere in africa (Nirgendwo in Afrika) - Alemanha
O crime do Padre Amaro (El crimen del Padre Amaro) - México
Hero (Ying xiong) - China
O homem sem passado (Mies vailla menneisyyttä) - Finlândia
Zus & Zo - Holanda
Maquiagem
- Frida
A máquina do tempo
Trilha sonora
- Frida
Prenda-me se for capaz
Longe do Paraíso
As horas
Estrada para Perdição
Melhor canção
- "Lose Yourself", de 8 Mile - Rua das Ilusões, cantada por Eminem.
I Move On, de Chicago, música de John Kander.
The Hands That Built America, de Gangues de Nova York, do U2.
Father And Daughter, de Os Thornberrys, de Paul Simon.
"Burn It Blue", de Frida, música de Elliot Goldenthal
Melhor filme
Curta-metragem animado
- The Chubbchubbs!
The Cathedral
Das rad
Mike´s New Car
MT.Head
Curta-metragem
- This charming man
Fait D´Hiver
Ill wait for the next one
Inja (Dog)
Johnny Flynton
Som
Edição de som
Efeitos especiais
Roteiro adaptado
Roteiro original
- Fale com ela
Longe do Paraíso
Gangues de Nova York
Casamento grego
E sua mãe também