Nascido no Brooklin (Nova York), em 11/12/1927, John Buscema demonstrou cedo a paixão pelos quadrinhos que manteria por sua vida inteira. Grande fã das tiras de Flash Gordon e do Príncipe Valente, Buscema decidiu seguir carreira como artista. Para isso estudou na High School of Music and Art de Manhattan (hoje chamada School of Performing Arts), ao mesmo tempo em que à noite estudava na escola de arte Pratt.
Toda essa dedicação foi recompensada em 1948, quando Stan Lee o chamou para desenhar uma história para a Timely Comics (hoje Marvel Comics), que envolvia ladrões de sepultura escavando o túmulo de Abraham Lincoln (!). Apesar de afirmar que “teve problemas desenhando Abe Lincoln”, o trabalho de Buscema agradou Lee, que o contratou como um dos artistas regulares da Timely (desenhando principalmente séries policiais e de faroeste).
Com a recuperação da indústria de quadrinhos (e da Marvel Comics em particular) em meados dos anos 60, Stan Lee decidiu procurar muitos dos artistas com quem trabalhara durante a Era de Ouro. Um dos primeiros foi John Buscema, a quem Stan Lee fez, em suas próprias palavras, “uma oferta muito atraente”. Buscema volta a Marvel em 1966 e nela permanece por mais de 30 anos. Seu talento e dinamismo fazem dele um dos artistas mais requisitados da editora, e ele desenha, em um momento ou outro, quase todos os super-heróis da Marvel.
Curiosamente, Buscema nunca se sentiu atraído pelos heróis de roupa colante. “Eu não gosto de fantasia”, disse ele uma vez, “eu gosto de realismo”. Ainda assim, ele apreciava trabalhar com dois super-heróis em particular: Thor e o Surfista Prateado.
Após deixar o Surfista Prateado, Buscema finalmente encontrou o personagem ao qual seu nome seria irremediavelmente ligado: Conan, o bárbaro. Assumindo o personagem depois da partida de seu artista original, Barry Windsor-Smith, Buscema logo o adaptou de acordo com sua própria visão, rústica e selvagem, mais adequada à Era Hiboriana que o criador de Conan, Robert Howard, descrevia em seus livros. “Conan é um homem de verdade”, declarou Buscema, “ele se machuca... Ele é forte e poderoso, mas é real! Ele não tem superpoderes”.
Além de seu trabalho como artista, ele também ensinou a arte dos quadrinhos durante vários anos em um colégio de Manhattan. Quando o trabalho como professor começou a interferir com sua produção de HQs, Buscema acatou a sugestão de Stan Lee e fez um livro sobre o assunto. O livro, How to Draw Comics the Marvel Way, tornou-se um grande sucesso de vendas e definiu o padrão de arte para quadrinhos de super-heróis durante muitos anos.
Mesmo após sua aposentadoria, Buscema nunca abandonou totalmente as HQs. Além de viajar pelo mundo (especialmente para a terra de seus ancestrais, a Itália), John usou o seu tempo livre para fazer vários trabalhos ocasionais, não só para a Marvel como também para a arqui-rival DC Comics, para a qual desenhou uma história curta do Batman e seus últimos trabalhos: Uma história ainda não revelada pela editora e o especial “Imagine Stan Lee Criando Super-Homem”, publicado aqui pela Editora Abril.
Alguns meses atrás, John Buscema foi diagnosticado com câncer no estômago. Incurável. A notícia causou consternação em todos os que o conheciam. Buscema passou seus últimos dias em companhia de seus amigos familiares, falecendo a 10 de janeiro de 2002, aos 74 anos. Ele se foi, mas será sempre lembrado como um marco na história dos quadrinhos.