Depois de mais de dois anos, Westworld retorna à HBO com novos desdobramentos da guerra entre humanos e anfitriões dos parques da Delos. Com a proximidade da estreia, marcada para esse domingo (26), que tal entrar no clima da série relembrando os principais acontecimentos do ano anterior? Confira a seguir:
DESTRUIR OU LIBERTAR A HUMANIDADE?
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Todos os disfarces, hacks e planos mirabolantes de Dolores (Evan Rachel Wood) tinham um único objetivo: obter controle do Rehoboam, uma inteligência artificial através da qual uma corporação chamada Incite controlava o futuro das pessoas. O jeito mais simples de explicar seu funcionamento seria dizer que, usando a probabilidade, essa IA criava narrativas para os civis como a Delos fazia com seus anfitriões. Por muito tempo, o interesse de Dolores nessa tecnologia soou como um instinto vingativo, uma vontade de destruir a humanidade por causa de todas as atrocidades cometidas contra os anfitriões no parque. Contudo, a revolucionária queria derrubá-la para libertá-los, dar-lhes a chance de escolher por conta própria.
Dolores eventualmente conquista seu objetivo com a ajuda de um aliado humano, Caleb (Aaron Paul), e uma parceria inesperada com Maeve (Thandiwe Newton). Entretanto, morre antes de vê-los serem bem-sucedidos.
Com os humanos livres, porém, o caos não foi encerrado. “Este é o novo mundo. E neste mundo, você pode ser a porra que quiser”, anunciou Maeve diante de prédios explodindo e confrontos entre manifestantes e policiais nas ruas da cidade. Mas como bem diz Bernard (Jeffrey Wright) antes do fim da série, “nosso mundo teve que queimar antes que pudéssemos ser livres”. E tudo indica que ele continuará a queimar nesse quarto ano.
QUESTIONANDO A NATUREZA DA SUA REALIDADE
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O ex-militar Caleb foi uma das vítimas do Rehoboam, e por muito tempo ficou preso a uma existência medíocre, revivendo seus traumas ciclicamente e dividindo seu tempo entre os cuidados com sua mãe, um trabalho honesto mal remunerado e bicos ilegais. Voltando de um desses trabalhos, ele cruza o caminho com uma Dolores ferida, e a partir daí sua realidade nunca mais é a mesma. Mas, como ele descobre mais tarde, essa não foi a primeira vez que eles se viram. Caleb visitou o Westworld para fazer um treinamento militar e impediu que seus colegas estuprassem as anfitriãs, uma prova do seu caráter que levou Dolores a confiar nele quase que imediatamente.
Lado a lado, os dois fazem todo tipo de descoberta sobre a Incite, inclusive que Caleb foi responsável por executar os chamados outliers, isto é, pessoas que atrapalhassem os planos do Rehoboam. Curiosamente, houve um momento que ele mesmo passou a integrar essa categoria, situação que o submeteu a um tratamento terapêutico experimental de recondicionamento.
É, em resumo, a vida dele virou de cabeça para baixo. Contudo, ao final da temporada, ele sai do posto de coadjuvante e assume o protagonismo do conflito. É ele quem dá a ordem para apagar o Rehoboam, e é ele quem vai liderar a revolução ao lado de Maeve.
SEM SERAC
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Engerraund Serac (Vincent Cassel) não teve qualquer escrúpulo na sua guerra contra Dolores. Ameaçou, coagiu, subornou, executou e até surpreendeu o presidente brasileiro falando um português perfeito, tudo para colocar as mãos nos dados que a Delos coletou dos seus clientes. Na sua cabeça, seus objetivos eram benevolentes: queria usá-los para controlar o futuro e, assim, evitar que a humanidade lidasse com eventos como o ataque nuclear que destruiu Paris, e fez dele e do seu irmão refugiados. Mas, cá entre nós, não era bem isso que ele estava fazendo… Felizmente, Dolores, Caleb e Maeve conseguem derrotá-lo e ele morre aos pés da sua adorada inteligência artificial.
O FIM DEFINITIVO DE DOLORES
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Para que Serac e sua obsessão pelo controle do futuro alheio fossem derrotadas foi necessário o sacrifício de Dolores. E, segundo a criadora de Westworld Lisa Joy, ela morreu mesmo. Contudo, esta não foi a despedida da atriz Evan Rachel Wood da série. Ela interpretará uma nova personagem chamada Christina. A questão é: qual é a sua relação com a anfitriã original da Delos?
DOLORES VS HOLORES
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Como parte do seu plano, Dolores criou diferentes cópias de si mesma. Afinal, em quem mais ela poderia confiar? Ela transferiu sua consciência para figuras como Connells (Tommy Flanagan), o faz-tudo da Incite; Musashi (Hiroyuki Sanada), o anfitrião do Shogun World que passou a chefiar a Yakuza; e a CEO interina da Delos, Charlotte Hale (Tessa Thompson). Contudo, a rebeldia da anfitriã é tão central na sua personalidade que Charlotte — a quem vou apelidar de Holores — se rebelou contra si mesma. Quer dizer, Holores foi impulsionada por algumas muitas frustrações e uma traição bem insuperável da anfitriã-mãe, que pretendia eliminá-la.
Porém, enquanto Dolores morreu, Holores sobreviveu ao caos e continua determinada a dar continuidade ao seu plano de dominação da humanidade.
A MISSÃO DO HOMEM DE PRETO
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A duras penas, o Homem de Preto (Ed Harris) encontrou um novo propósito na terceira temporada. Isso porque, para superar a crise de consciência por ter matado a própria filha e, enfim, ter certeza de que é um humano, o implacável William enfrentou uma sessão de terapia em grupo nada convencional, encarando — quando não agredindo — a si mesmo em diferentes momentos da vida, assim como seu sogro, James Delos (Peter Mullan). É claro que, para chegar nesse nível, primeiro ele foi passado para trás pela Holores, que em uma tacada só conseguiu sua influência na Delos e o mandou para uma instituição psiquiátrica. Mas, por sorte, Bernard e Stubbs (Luke Hemsworth) o ajudaram a fugir.
Tendo enfrentado tudo isso, o Homem de Preto concluiu que, sim, era um bom homem, e justamente por isso viu como sua missão pessoal exterminar os anfitriões remanescentes. Mas, quando reencontra Holores no laboratório da Delos, ela está acompanhada de um anfitrião criado aos seus moldes. A cópia eventualmente corta a garganta do original, e este parecia ser o fim do Homem de Preto como o conhecemos.
No entanto, Holores parece conversar com essa versão no trailer da quarta temporada, quando diz “sua espécie nos caçou por esporte. Você controlou nossos passos, e agora vou fazer a mesma coisa com você”. Quer dizer, o ciclo de vinganças continua.
MAIS ANFITRIÕES
Tão logo Holores e o Homem de Preto anfitrião cortam a garganta do seu adversário, nota-se ao fundo que as máquinas estão trabalhando para criar novos anfitriões e, assim, continuar seu plano para garantir a soberania da própria espécie. Em outras palavras, a guerra está longe de encerrada.
A CHAVE PARA O SUBLIME
Bernard foi de foragido a conhecedor do pós-apocalipse em oito episódios, uma viagem intensa, mas definitivamente não solitária. Porque logo no início da terceira temporada, quando ainda o procuravam pelo massacre no parque, ele encontra Stubbs no Westworld, e faz dele seu fiel escudeiro na tentativa torta de impedir os planos de Dolores. Afinal, eles só vão entender que o objetivo dela era libertar a humanidade no finale, então fazia sentido seguir todas aquelas pistas e se aventurar em eventos bizarros no mundo real.
Dito isso, é bom ter em mente dois elementos sobre essa jornada de Bernard. O primeiro, e mais importante, é o fato de que a chave para o Sublime estava com ele esse tempo todo — uma das muitas surpresas de Dolores nesta temporada. Diante dessa descoberta, o anfitrião vai para o paraíso virtual em busca de respostas sobre o que acontece depois do fim do mundo. Sua missão parece fracassar quando ele subitamente desliga, mas a cena pós-créditos revela que ele reinicia tempos depois. Não fica claro se passaram meses ou anos, mas o intervalo é particularmente grande, já que ele ressurge coberto por uma camada espessa de pó.
Outra, talvez interessante do ponto de vista de desenvolvimento de personagem, é o encontro dele com a família do Arnold, o humano no qual sua identidade é baseada. Aqui, o anfitrião consegue algum tipo de encerramento sobre o luto traumático que viveu diante da morte do filho que nunca teve. Em outras palavras, ganha a chance de recomeçar com uma folha em branco.
BUSCA PELA FILHA
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Temporada vai, temporada vem, e Maeve ainda sonha em reencontrar sua filha — mesmo sabendo que a menina apenas fez parte da sua narrativa pré-determinada, e sequer a considere sua mãe. Apesar das muitas reviravoltas, sua jornada no terceiro ano girou, essencialmente, ao redor dessa busca. Ou, melhor, de um jeito de juntar-se a ela no Sublime.
Acreditando que a chave para o “Éden dos anfitriões” estava com Dolores, foi natural que Maeve tenha desenvolvido uma rivalidade com a revolucionária. E, como se já não tivessem motivos suficientes para desconfiarem uma da outra, a antiga dona do Saloon se aliou — ou, foi coagida a se aliar — com Serac para ajudá-lo a obter os dados dos clientes da Delos, também em posse da Dolores. Holores, por sua vez, eliminou Hector (Rodrigo Santoro) definitivamente, destruindo seu core para impedir que Maeve tivesse assistência para destruí-la, o que deixou o conflito ainda mais pessoal. Ao final, porém, as duas unem forças contra Serac, e Maeve ajuda Caleb a destruir Solomon.
Diante de um mundo em destruição, mas com o potencial de ser o que bem entender, Maeve termina a temporada encarando explosões e sonhando com ela… sua filha.