Setembro de 2011 ficou marcado pela estreia de Tokyo Ghoul, um mangá de horror sobrenatural inspirado em monstros clássicos com uma trama repleta de suspense e carisma. Com mais de 34 milhões de cópias vendidas pelo mundo, a obra já ganhou seu próprio anime, spin-offs e até uma peça de teatro. Em 2017 virou um live-action, que chega agora aos cinemas brasileiros pela Sato Company. Ao contrário de grande parte dos longas baseados em mangás, Tokyo Ghoul é fiel ao original e, apesar de algumas derrapadas, cria uma experiência satisfatória.
A trama acompanha Ken Kaneki, um colegial que tem sua vida virada ao avesso após ser atacado por uma Ghoul, criatura humanóide que necessita consumir carne humana para viver. O rapaz recebe um transplante dos órgãos de sua agressora, transformando-o em meio Ghoul. Kaneki deve agora aprender a viver essa nova realidade enquanto foge do CCG, órgão responsável pela caça e extermínio desses monstros.
Assim como acontece nos videogames, os mangás têm um vasto histórico de adaptações que desapontam, especialmente por deturpar elementos-chave. Tokyo Ghoul não cai nessa armadilha. O longa respeita o próprio universo ao transportar a trama para as telonas sem perder sua essência. Mesmo as pequenas alterações que a transição de mídias exige beneficia a construção do filme. Apostando na identificação com o protagonista, o horror de sua condição inumana é cativante e desperta curiosidades que são saciadas enquanto novas adversidades surgem.
Com um orçamento modesto, o filme não faz feio em relação ao visual. Embora os efeitos especiais não sejam primorosos, a direção cria saídas para contornar o problema com efeitos práticos e foco maior nas coreografias das lutas. Apesar da classificação etária de 12 anos, até mesmo a violência gráfica tem seu espaço: de forma inteligente, a direção escolhe sugerir ao invés de mostrar, deixando que a imaginação complete as lacunas de forma mais efetiva do que sua computação gráfica seria capaz.
Embora condense vários arcos de história em um único filme, o ritmo é inconstante e faz com que os 120 minutos se arrastem, com cenas que se alongam além do necessário. Enquanto informações essenciais como o triste passado de Kaneki são passadas de forma rápida e clara, dramas desinteressantes se estendem - sendo que esses soam forçados pelo excesso de teatralidade do elenco, o que tira o peso de uma fábula sombria que propõe debates sobre bem e mal e se sustentaria sem esse tipo de recurso.
Para construir a história de Tokyo Ghoul, o autor Sui Ishida pegou diversas características emprestadas do cinema de horror. Anos depois, a reverência às próprias raízes ganha vida nas telonas, fechando o ciclo com sucesso.
Filmes
Crítica
Tokyo Ghoul
Adaptação do mangá de 2011 cria experiência satisfatória com influências de terror, mas sempre respeitando a obra original
13.09.2018, às 22H42.
Nota do Crítico
Bom