Marcos Jorge não quer mais que cineastas brasileiros tenham que medir suas ambições. Em entrevista ao Omelete durante o Festival de Gramado 2024, ele falou das influências do seu Estômago 2: O Poderoso Chef e do seu gosto por projetos maiores do que o comum no cinema nacional.
"Eu pensei: bom, agora esse filme tem que ser maior do que primeiro. Eu não queria fazer um filme intimista, não queria repetir a forma, então resolvi fazer um filme coral, com um monte de personagens fortes, interessantes, e ampliar essa franquia para um outro lugar", comentou ele.
Daí a expansão da trama para a Itália, onde acompanhamos a história de um ator fracassado que se vê subitamente na posição de chefe da máfia: "Vamos fazer, sim, explosões, grandes cenas de morte, assassinatos. É um filme de máfia, um pouco [Martin] Scorsese, misturado com [Federico] Fellini, misturado com Yorgos Lanthimos. Vamos fazer o que os caras fazem no exterior".
Jorge continuou dizendo que, por vezes, vê o cinema brasileiro "preso a um realismo" que corta ideias mais ousadas. O cineasta, por sua vez, pretende continuar trabalhando em uma escala maior - ele citou que seus próximos projetos são Arte do Roubo, um thriller de assalto, e um drama de tribunal que não divulgou o título.
"Quando eu vejo a possibilidade de um diretor poder, de fato, integrar as coisas, tirar do papel, acho lindo. O cineasta brasileiro, quando, quando vai escrever um roteiro, já pensa: não, isso eu não posso fazer, porque não vai ter grana. Você acaba se castrando, né?", refletiu.
"Já eu não tenho essa. Adoraria fazer um filme brilhante, maravilhoso, rodado por dois atores num quarto - só que nunca tive essa ideia. Minhas ideias são mirabolantes, complexas, talvez porque minha cabeça é muito complicada, talvez", brincou ainda. "Então, talvez seja um defeito meu, que eu coloco nos meus filmes, mas é isso, os tempos e os meios para fazer os filmes, eu preciso ir atrás, porque eles não são fáceis de fazer".
Estômago 2 chega aos cinemas de todo o Brasil em 29 de agosto.