BURTON RETURNS
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A atmosfera gótica continuou perfeita, os cenários mais deslumbrantes, mas o tal do roteiro que é bom... continuou aquela coisa de louco.
Em todos os aspectos, este filme tem melhor acabamento do que o primeiro. É bem mais agradável de se ver. Burton está completamente à vontade na direção e tudo parece mais maduro. Infelizmente, no entanto, ele ainda deve ter se recusado a ler qualquer gibi do Morcegão, tamanhas as mancadas que os fãs foram obrigados a engolir.
Verdade seja dita, o roteiro tenta ganhar o espectador. Para se integrar à sociedade, o Pingüim, vivido por Danny DeVito, um paria que governa os subterrâneos, seqüestra o filho do prefeito e o devolve como um samaritano, tornando-se o novo ídolo da cidade. O inescrupuloso empresário Schreck vê nisso a oportunidade de ganhar poder político e lança a candidatura do Pingüim à prefeitura de Gotham. Acredita que pode facilmente manipulá-lo. Sua secretária, Selina Kyle, interpretada por Michelle Pffeifer ouve os planos e é jogada da janela. Mais tarde, volta como Mulher-Gato para se vingar. Batman tenta impedi-la, mas acaba sendo acusado de assassinato e perseguido pela polícia. Neste interim, Bruce Wayne envolve-se amorosamente com Selina, sem saber que ela é a sua inimiga. Parece bom, não é mesmo? O filme até funciona, se você fizer vista grossa aos...
NOVOS PECADOS CAPITAIS:
Michael Keaton: Ora, para quê insistir no erro? Está certo que, neste filme, ele não está tão pamonha quanto no anterior e até faz biquinho de malvado. Mas que ele não leva o menor jeito pra coisa, não leva mesmo...
Origem do Pingüim: Bebê deformado é jogado num rio e encontrado por pingüins que vivem no esgoto e o adotam! Mais lógico, impossível. Imaginou se ele fosse encontrado pelas Tartarugas Ninja?
Origem da Mulher-Gato: Secretária debilóide cai de um edifício e não morre. É mordida por dezenas de gatos e...TCHARAM! Torna-se a Mulher-Gato! Costura um traje sado-masô, aprende artes marciais e a usar chicote num passe de mágica! Assim vai ter muito marmanjo jogando a mulher do prédio...
Excesso de personagens: Como contar com profundidade a origens de dois interessantes vilões e ainda por cima se aprofundar em outras personagens importantes, como o industrial Schreck? E sem deixar o Batman de lado? Resposta: Não tem como! Novamente, o morcego vai a escanteio.
Pingüins teleguiados: Não basta serem capazes de prover, ensinar a falar e vestir uma criança humana. Eles têm que lançar mísseis!
O Clímax: Batman rasga (ai, ai) sua máscara de plástico diante da Mulher-Gato e Schreck exclama: Bruce Wayne? Por que você está vestido de Batman? Mulher-Gato responde: Por que ele é o Batman, Imbecil! Como podemos perceber, o roteiro havia acabado pelo menos meia-hora antes. Os atores estavam improvisando suas falas. Ou não????
ALGUMAS VIRTUDES (ou quase):
1. A armadura do Batman: O rosto de Keaton já não dança mais no interior da máscara. E o novo desenho do traje até permite meia dúzia de movimentos semi-naturais. Robocop morreria de inveja.
2. O Visual do Pingüim e da Mulher-Gato: Tudo de acordo com a atmosfera do filme. Ambos ficaram muito bem resolvidos. Em especial o Pingüim, inspirado na personagem-título do filme O gabinete do Dr. Caligari
3. Danny Devito e Michelle Pffeifer: Ambos roubam a cena cada vez que aparecem. Ele, transbordando diálogos maliciosos. Ela, idem, só que com muito mais charme e sensualidade. Exatamente como o papel pede: Miau!
4. Ainda nem sinal do mala-sem-alça do Robin!
BAT- CURIOSIDADES:
O roteiro é levemente baseado no episódio Pingüim- O Candidato (Hizzonner the Penguin) da telessérie dos anos 60, onde o Pingüim candidata-se à prefeitura de Gotham.
O nome Max Schreck, personagem de Chistopher Walker, é o do ator que interpretou Nosferatu, no filme expressionista homônimo.
Depois de tanto rojão, Tim Burton largou a batuta e foi cuidar de sua vida. Os fãs respiraram aliviados, pois quem sabe agora, Batman poderia ganhar um filme decente. Ledo engano. Aguarde detalhes da tragédia...