Detalhe do pôster de Motel Destino (Reprodução)

Créditos da imagem: Detalhe do pôster de Motel Destino (Reprodução)

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Entrevista

Motel Destino | Produção foi barrada pelo governo Bolsonaro, diz Nataly Rocha

Elenco refletiu sobre como os temas do filme vão causar polêmica na fatia conservadora da sociedade

Omelete
3 min de leitura
18.08.2024, às 06H00.
Atualizada em 20.08.2024, ÀS 11H24

Nataly Rocha disse, em entrevista ao Omelete durante o Festival de Gramado 2024, que a produção de Motel Destino foi interrompida, ainda antes da pandemia de covid-19, porque o governo Jair Bolsonaro não liberou fundos importantes para a realização do longa.

"Muita coisa foi perdida na nossa cultura nesse período [do governo Bolsonaso]. Este filme era pra ter sido rodado antes da pandemia, mais foi barrado. Fazer cinema é muito resistência, é um ato político no Brasil de hoje", comentou Rocha.

Quando o Omelete pediu esclarecimento sobre o motivo do atraso na produção, a atriz apontou para os temas do longa e sua abordagem franca da sexualidade. Motel Destino mostra o triângulo amoroso entre um casal que administra um motel e o fugitivo que eles abrigam.

"Foi pelo tema, mesmo, o assunto que a gente abordava. Era o governo Bolsonaro, né?", comentou Rocha, aludindo ao conservadorismo da administração. "Motel Destino foi meio engavetado ali".

Agora que o filme está se encaminhando para a sua estreia nacional, no entanto, Rocha e seu colega de elenco Iago Xavier admitiram ao Omelete que ainda têm suas trepidações quanto á recepção do trabalho por fatias mais conservadoras da sociedade brasileira.

"Eu sinto que vai ser bem controverso. Assim como foi nossa passagem por Cannes!", comentou Xavier, lembrando da primeira exibição mundial de Motel Destino no festival francês, em maio. "Eu acompanhei algumas coisas, meio de longe, e vi que algumas pessoas amaram, mas outras nem tanto. Acho que nossa passagem pelo Brasil vai ser assim também. Vai ter gente, as pessoas mais conservadoras, que vão se incomodar com a ideia do filme".

Rocha defende, no entanto, que o cinema tem "liberdade poética" para lidar com esse tipo de tema: "Se a gente nõ puder fazer isso no cinema - assim, obviamente respeitando os limites éticos - onde vamos fazer? O cinema é um lugar para se colocar os assuntos... não precisa ser sempre polêmico, mas pode ser. Tudo é tão dividido hoje em dia, o fanatismo está em todo lugar. Trazer essas questões é saudável, para o cinema, a filosofia, a política. A gente precisa sempre se atualizar".

Os dois atores reconheceram, por fim, que o público tem a liberdade de tirar a conclusão que quiser de Motel Destino"A gente traz os temas, joga para a população. Eles assistem, podem raciocinar e debater entre eles. É importante que haja o debate, né? Mesmo que leve para outro canto, chegue a outra conclusão. É importante assistir, debater, tentar entender", incentivou Xavier.

O longa, dirigido por Karim Aïnouz (A Vida Invisível) chega aos cinemas de todo o Brasil em 15 de agosto.

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