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Meu dia na San Diego Comic-Con com Bill Murray, Jogos Vorazes e Doctor Who

Saiba como foram os primeiros painéis do evento

10.07.2015, às 13H25.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H35

Três horas e vinte minutos de sono. Dez minutos para tomar banho, colocar a roupa e revisar equipamentos. Após sair da fila à 1h da manhã e dormir às 3h escrevendo, lá estava eu na fila do Hall H de novo às 6h30 da madrugada. O frio foi trocado por um sol gentil e uma brisa fresca. Quando a fila começou a andar para entrarmos na sala, muitos gritos e berros de alegria me contagiaram. Não sou o maior fã de Jogos Vorazes ou Doctor Who do mundo, mas dei meu grito de felicidade ao avistar os telões.

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Eu finalmente estava em um dos lugares mais importantes da história da cultura pop. Eu estava no Hall H, onde os Vingadores se reuniram, os X-Men foram apresentados e a Trindade Sagrada da DC - Batman, Superman e Mulher-Maravilha - esteve ano passado. A San Diego Comic-Con começou e, como nos meus sonhos de infância, eu fazia parte dela.

O primeiro painel era da Open Road, uma produtora mediana de Hollywood, que tem na mão projetos como Max Steel e Snowden. Nada ultra nerd, mas tudo bem, seria um começo interessante. Essa era a minha expectativa, pois a apresentação da empresa não teve nada a ver com isso. Eles fizeram o favor de trazer Bill Murray, astro do longa Rock The Kasbah, pela primeira vez à Comic-Con - e foi tão sensacional quanto qualquer coisa com ele pode ser.

"Eu combino com esse lugar", diz Bill Murray sobre participação na Comic-Con 2015

O ator entrou vestido como o seu personagem, Richie, um rato velho da indústria musical. Meio hippie, meio rockstar. E nada de entrar pelas escadas do palco principal, Bill percorreu os corredores e chegou ao Hall H falando com os fãs. Durante meia hora, ele falou sobre o filme, sobre seus companheiros de elenco e sobre a sensação de estar na SDCC. "Eu combino com esse lugar, gosto de ocasiões onde as pessoas se empolgam com as coisas e vejo que vocês se empolgam com tudo aqui. É um pouco nerd demais, mas é legal". Se eu tivesse que adivinhar ou pedir o meu painel de estreia no evento, nunca teria escolhido tão bem. Inusitado, mas inesquecível.

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Jogos Vorazes e Doctor Who

Depois disso, eu passaria mais três horas no Hall H, mas a sensação era de ter ficado alguns minutos. Quando Bill saiu do palco, quinze minutos depois a banda da capital de Jogos Vorazes dominou o local. Com tambores e roupas militares brancas eles surgiram do nada e anunciaram o início do painel de A Esperança: O Final, o desfecho da aventura de Katniss. Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson e Liam Hemsworth, fizeram as honras da Lionsgate, ao lado de Francis Lawrence, diretor do longa.

A conversa entre os três (pois Francis só falava quando era chamado) foi a mais descontraída do dia. Eles pareciam amigos adolescentes conversando na mesa de casa. Em dado momento, Conan O'Brian, o apresentador do painel, perguntou aos atores qual era o sentimento em relação ao triângulo amoroso. Sem querer, Liam e Josh atravessaram a reposta um do outro e começaram a discutir - de repente não eram mais Liam e Josh, mas Gale e Peeta. A única que não entrou no personagem foi Jennifer, até por que ninguém merece tamanha depressão em um painel de Comic-Con.

"Ela sempre será parte de mim", diz Jennifer Lawrence sobre despedida de Katniss

A atriz se confundiu com respostas, disse que algumas cenas icônicas foram chatas de filmar (a derrubada da nave com uma flecha em Parte 1) e com rara sobriedade refletiu sobre a importância de Everdeen na sua carreira. "Eu acho que ela nunca vai sair de mim. Passei tantos anos da minha vida nesses filmes que levarei um pouco da Katniss comigo para todos os lugares", comentou.

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Pode parecer uma resposta padrão, mas para alguém como Jennifer, que neste dia mal conseguia juntar dois pensamentos ("as coisas na minha cabeça estão super legais para vocês ouvirem, mas eu não consigo falar nada" - era o que ela dizia), isto pareceu uma confissão realmente sincera. Ah, quase esqueço, tivemos o primeiro trailer completo do filme. Uma bela prévia, aliás, cheia de drama e com aquele clima épico de encerramento de franquia.

A zoeira instaurada pelo trio Vorazes se esvaiu com o painel seguinte, o de Doctor Who. Não que isso o tenha tornado ruim, apenas diferente. Pensando bem, e aproveitando a opinião de Steven Moffat ("ingleses escondem suas emoções sempre"), não tinha como britânicos fazerem um painel super animado. Brincadeira, é claro. Tanto minha quanto dele. Fato é que whovians não são histéricos como tantos outros fãs, eles têm uma postura de devoção controlada. Quase uma aura de respeito constante. E foi assim que o painel da série transcorreu, até que Peter Capaldi ou Moffat fazessem uma piada sarcástica.

O possível encontro com Sherlock, a Doctor mulher e mais no painel na Comic-Con 2015

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A pergunta que marcou a apresentação foi sobre a possibilidade de termos uma mulher como o Doctor. "Não preciso responder isso, meu texto já possui essa resposta", disse Moffat. "Eu posso fazer um episódio de drag queen, o que acha?", falou Capaldi, e uma onda de risos e aplausos tomou conta do Hall H. Além do ótimo material inédito e da acidez da equipe, a melhor coisa do painel foi Moffat dizer que gostaria de ver um encontro entre Sherlock e Doctor. "Eu não tenho nada contra. Faço tudo por uma risada", revelou. Quem sabe algo não saia daí...

Um dia no Hall H não é um dia perdido

Ao contar meu dia para alguém é provável que fique a impressão de uma quinta-feira perdida. Não é bem assim. Estar dentro do Hall H é uma sensação única. A catarse gerada por um trailer inédito, ou mesmo um já conhecido (sempre que o de O Despertar da Força passa as pessoas ficam em êxtase), faz entender o propósito das empresas em colocarem seus filmes aqui. A dedicação de ficar horas na fila, gritar com tamanho entusiasmo e se sentir realmente feliz por quarenta minutos ao lado de seus ídolos são atitudes admiráveis.

Sentado no relento escrevendo esse artigo me pergunto se, caso já não estivesse aqui, valeria a pena vir a um evento assim? É uma pergunta que me assalta sempre que entro em uma fila - ou seja várias vezes todos os dias. Neste primeiro dia a reposta é sim. Nenhum outro lugar há um senso de comunidade tão forte quanto a Comic-Con. Mais do que se sentir em casa, este é um evento que exala diversão e, com uma organização exemplar, entrega uma experiência que marca a vida de todos os visitantes.

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