“20 anos atrás, quando comecei a trabalhar com Cillian [Murphy], já ficou aparente para mim que ele era um dos grandes atores… da sua geração ou de qualquer outra”. As palavras são de Christopher Nolan, que fez cinco filmes com o astro irlandês de Peaky Blinders - começando com Batman Begins, em 2005 - antes de escalá-lo como protagonista em Oppenheimer.
“Quando este filme começou a tomar forma, eu liguei para ele imediatamente”, comenta ainda o cineasta, em entrevista ao Omelete. “Disse: 'Esse é o nosso projeto. Você estará no centro do palco, e terá que carregar o público junto com você pelos altos e baixos dessa história'. Por sorte, ele estava pronto para o desafio.”
Nas palavras do próprio Murphy, assumir o centro do palco em um filme do seu parceiro de longa data foi a realização de um sonho. “Eu passei muito mais tempo no set dessa vez!”, brinca. “Eu e Chris trabalhamos muito juntos, inclusive por seis meses antes do começo das filmagens. A nossa colaboração foi muito mais estreita dessa vez do que nos outros filmes que fizemos juntos, o que foi uma ótima experiência.”
O ator comenta ainda que a chave para entender seu Oppenheimer está em duas coisas: a voz e o figurino - especialmente por que o físico que criou a bomba atômica era conhecido como uma espécie de “rockstar” da comunidade científica.
“Nós trabalhamos muito na fisicalidade do personagem”, relata Murphy. “Ele era um homem charmoso, carismático - as mulheres o adoravam. Acho que, no fundo, ele sabia muito bem desse apelo que ele tinha, e criou uma imagem que se aproveitava disso... se você pensar na forma como ele se apresentava, com o chapéu e o cachimbo, foi tudo pensado nesse sentido."
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Oppenheimer, enfim, pode marcar o ápice da parceria de diretor e astro, mas com certeza não marca o fim dela. “Em todo esse tempo que eu conheço Cillian, ele cresceu muito como artista, fez trabalhos que o desafiaram e aperfeiçoaram suas habilidades. Ele é um ator espetacular com o qual trabalhar, além de um grande amigo meu. É sempre um prazer estar com ele”, define Nolan.
“Eu confesso que não fico premeditando quais papéis quero fazer no futuro, ou algo do tipo. A minha carreira é meio aleatória nesse sentido”, admite Murphy. “A minha estrela-guia é a vontade de trabalhar com as melhores pessoas possíveis... até por isso Oppenheimer foi tão interessante para mim. Não só Chris é um dos melhores diretores de cinema vivos, na minha opinião, como esse elenco é fenomenal. Esse é o tipo de trabalho que vale a pena para mim.”
Oppenheimer já está em cartaz nos cinemas brasileiros.