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Crítica

Alice in Chains no Rock in Rio 2013 | Crítica

Banda faz show forte, aposta nos sucessos, mas não consegue levantar plateia

Omelete
3 min de leitura
20.09.2013, às 13H28.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

O show do Alice In Chains, nesta quinta-feira, 19, no Palco Mundo do Rock in Rio, poderia facilmente se tornar um álbum ao vivo oficial da banda. Com setlist muito bem estruturado, desempenho perfeito dos integrantes e a marca de um dos maiores festivais do mundo, a apresentação tinha tudo para ser um total acerto, se não a incapacidade de cativar a plateia.

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Não foram poupados esforços para chamar a atenção do público. O início foi bombardeado pela clássica “Them Bones”, música que abre o álbum Dirt, de 1992, provavelmente o mais aclamado do grupo. No entanto, o ânimo foi se esgotando ao longo da música, muito por conta da apresentação pouco carismática do vocalista, William DuVall.

A sequência tentou manter a pegada da abertura. O Alice tocou outra faixa que remete 'aos anos dourados', “Dam That River”, mas a reação da plateia se manteve fraca e assim continuou com “Hollow”, faixa do mais recente disco do grupo, The Devil Put Dinosaurs Here, de 2013.

"Check My Brain” e “Again” vieram logo depois e seguiram a mesma linha: no palco, músicos sensacionais, ótima desenvoltura, vocais impecáveis, mas que não empolgavam. Pausas longas entre as músicas atrapalharam até a boa escolha de repertório, deixando a apresentação enfadonha. O molde escolhido em nada lembrava os shows antigos do grupo, com o ex-vocalista Layne Stanley, falecido em 2002. Antes, era comum ver a banda emendando várias músicas sem nem respirar.

DuVall seguia incansável sua batalha de tentar 'fisgar' o público, arranhando frases em português e buscando interagir sempre que possível. O frontman só conseguiu mesmo ter a atenção desejada quando falou como era uma honra tocar no Rock in Rio, e em seguida puxar “Man In The Box”, hit do primeiro álbum da banda, Facelift, de 1990. Ponto alto do show. A música foi muito aclamada, com o público pulando, cantando e, enfim, parecendo ter despertado.

Mas, terminado o hit, a falta de fluência na trocas trouxe de volta o marasmo. As canções que se seguiram, três outros clássicos, “Nutshell”, “Rain When I Die” e “We Die Young”, embora tenham tido uma bastante energia, conseguiram no máximo algumas palmas em momentos esporádicos. Por outro lado, a pista, quando mostrada no telão, apresentava um efeito impressionante, devido às milhares de luzes que a plateia apontava para cima.

"Stone” e “Down In a Hole” mantiveram o clima de divisão: o que acontecia no palco parecia não chegar na plateia com a mesma vibração. E só no final, com os sucessos “Would?” e “Rooster” – a última uma balada, que encerrou a apresentação – foi possível ver novamente uma reação positiva do público, ainda que modesta. Sem bis, a plateia não parecia fazer questão que a banda voltasse, mesmo que músicas muito esperadas, como “Angry Chair”, tivessem ficado de fora.

William DuVall pareceu satisfeito e agradeceu muito a todos pelo show, uma apresentação que foi espetacular no palco mas que precisaria ainda se libertar de algumas correntes para funcionar no Brasil.

Nota do Crítico
Bom

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