A interpretação de Renée Zellweger em Judy, cinebiografia de Judy Garland, que a tornou favorita ao Oscar de Melhor Atriz em 2020, tem muito a ver com seu já-reconhecido talento, claro. Mas ao trazer a atriz de volta aos holofotes depois de alguns anos sumida, Judy emociona ainda mais por transmitir uma sensação clara de associação entre Garland e sua intérprete.
Há quase 20 anos, Zellweger era uma das maiores queridinhas de Hollywood. Ela foi indicada ao Oscar por três anos consecutivos e levou a estatueta por sua performance em Cold Mountain mas, com o passar do tempo, seu nome aos poucos sumiu das manchetes. Em 2010, a atriz tirou um hiato da carreira, alegando precisar de um tempo para trabalhar em si mesma.
A atriz só reapareceu em um evento da indústria em 2014. Quando todas as manchetes noticiaram seu retorno com foco em sua aparência, Zellweger saiu de cena novamente, mas não antes de escrever um artigo criticando a postura da mídia, e descrevendo o impacto negativo deste tipo de cobertura [via HuffPost]: “a mensagem que resulta disso é problemática para as gerações mais novas e mentes impressionáveis, e sem dúvida é um gatilho para diversos problemas relacionados à preconceito, igualdade, auto-aceitação, bullying e saúde”.
Mesmo quando Zellweger retomou sua carreira no cinema, alavancada pelo lançamento de O Bebê de Bridget Jones, em 2016, e impulsionada pela série Dilema, pelo qual sua atuação foi aclamada, poucos tinham fé que a atriz poderia retornar o seu status de estrela de Hollywood. Quem apostou no contrário foi o diretor Rupert Goold, que escolheu Reneé para interpretar Garland.
Lembrada principalmente como a Dorothy de O Mágico de Oz, Judy Garland é conhecida também pela vida conturbada que teve, como resultado de uma infância em Hollywood. O filme escolheu focar nas últimas performances da cantora, quando o auge de sua fama já havia passado e ela lutava para conseguir sustentar seus filhos. Com retrospectivas ao seu passado, durante as filmagens de O Mágico de Oz, Judy vai explicando aos poucos cada um dos traumas deixados na artista, e como eles desenvolveram suas consequências na vida adulta.
“Ela é um ícone inovador e atual muito maior dos que as belezas convencionais de Hollywood”, descreveu o diretor à EW. “Espero que sua vida, o fato de que ela era tão espirituosa, e que ela foi em algum nível afetada pelo sistema, mas conseguia fazer piada e cuspir de volta, seja inspirador”. Goold se referia à Garland na entrevista, mas a frase poderia valer para Zellweger também. E vê-la interpretando uma mulher retornando aos holofotes certamente toca de modo específico.
Hollywood adora uma história de comeback e, por isso, não perderia a oportunidade de aclamar a performance de Zellweger em Judy, mas a questão é que mesmo sem todo este contexto, a atuação da protagonista do longa é de cair o queixo. Agora é esperar o Oscar presentear Zellweger com sua nova estatueta.
A 92ª cerimônia do Oscar acontecerá em 9 de fevereiro e, novamente, não terá um apresentador principal. Confira a cobertura completa do Omelete no site e as redes sociais.