Caçador de Demônios é “herdeiro do Motoqueiro Fantasma”, mas também “um bebezão”

Hub Halloran pode ter ido ao inferno e voltado, mas o maior desafio do protagonista de Caçador de Demônios é… sair da garagem da mamãe. Pelo menos é isso que contou Kevin Bacon, astro da série, em entrevista exclusiva para o Omelete: “Eu acho que todo homem chega em um ponto no qual precisa se afastar da mãe. Hub é o cara que ainda não conseguiu fazer isso”.

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Nos parágrafos a seguir, Bacon solta o verbo sobre a relação codependente entre Hub e Kitty (Beth Grant), os bastidores das cenas de ação assustadoras da série do Prime Video, e alguns outros projetos de sua ilustre carreira - sim, estamos falando de X-Men: Primeira Classe e Guardiões da Galáxia. Confira!

OMELETE: No começo de Caçador de Demônios, seu personagem morre, vai para o inferno e volta - e essa é uma jornada que muitos dos personagens mais legais da cultura pop fizeram. Estou falando de Motoqueiro Fantasma, Spawn, Constantine… como você acha que Hub Halloran se encaixa nesse contínuo?

BACON: Acho que ele é herdeiro desse trono! [risos] É uma ótima história, muito divertida, e acontece que Hub não é um homem extraordinário, sabe? Ele é um cara comum, ou pelo menos não tem superpoderes, então quando isso acontece com Hub você espera que ele surte completamente. Ao invés disso, ele simplesmente diz: ‘Ok, parece que preciso descobrir uma maneira de mandar esses demônios de volta para o inferno’. É só mais um dia no escritório para o Hub.

OMELETE: Você também é produtor desta série. Por que sentiu que tinha que abraçar o projeto dessa maneira? O que nessa história te atraiu, como ator e público?

BACON: Eu realmente gostei da combinação de humor e gore - sangue, terror, é sempre algo que sou fã. Mas também é apenas uma história de família. Este é um homem que obviamente não conseguiu fazer o relacionamento dar certo com a ex-esposa, e seu filho se afastou dele também. De certa forma, Hub é um homem-criança, sabe? Ele está morando na garagem da mãe, tem uma relação muito próxima com ela… para dizer o mínimo. Para mim, não importa o gênero em que estou, tudo volta para o personagem.

OMELETE: Eu preciso dizer que adoro a dinâmica entre o Hub e a mãe dele, Kitty. Você pode falar um pouco sobre o quão importante essa relação é na história, e como foi trabalhar com Beth Grant para alcançar essa química?

BACON: Obrigado por dizer isso! Primeiro, Beth é fantástica. Eu também gosto muito desse elemento da história, e incentivei os roteiristas a explorar isso. Tenho uma teoria na vida, da qual algumas pessoas podem até discordar… mas acho que, em algum momento de sua vida como homem, você precisa se afastar da sua mãe. Talvez você faça isso quando jovem, ou talvez faça na meia-idade, mas vai acabar fazendo. Hub é o cara que simplesmente ainda não conseguiu fazer isso, e Kitty meio que aponta isso para ele de uma forma engraçada. Não é como se ela fosse superprotetora ou dominadora, mas eles são codependentes. Acho que essa dinâmica é importante para o personagem e para a história, mas também contribui para o lado humorístico da série.

OMELETE: Bom, eu também gostei muito que Caçador de Demônios tem aquela estrutura meio de monstro-da-semana - faz tanto tempo que não temos esse tipo de coisa na televisão. Isso foi algo que se destacou para você neste projeto? Você é meio nostálgico por esse tipo de TV também?

BACON: Curioso, porque acho que consigo me ouvir dizendo, quando estávamos desenvolvendo o roteiro: ‘Eu não quero que seja uma coisa meio monstro-da-semana’. [risos] Mas acho que, no fim das contas, o formato funciona. Sem contar que esses demônios vão possuindo e habitando pessoas comuns… um pastor, uma líder de torcida ou um policial local. Acho que essa é a parte mais divertida, porque você fica pensando: ‘Oh Deus, espero que ele não possua uma criancinha na próxima vez’.

OMELETE: Caçar demônios com certeza é um trabalho perigoso, como vemos  nas sequências de ação dessa série. Como foi dar vida a esse tipo de cena no set? Você é um daqueles atores que faz suas próprias cenas de ação?

BACON: Eu sou um ator que deixa as cenas de ação para os dublês. [risos] Acho que eles trabalham muito duro, então não gosto de considerar que estou fazendo as cenas de ação de forma alguma - é só uma manifestação física do personagem. No caso de Hub, ele precisa lutar contra os demônios, então faço o que me permitem fazer. Não quero deixar a equipe toda sem trabalho porque me machuquei e não podemos continuar as filmagens… e tudo isso para quê? Para poder me gabar que faço as cenas de ação? Respeito muito o trabalho dos dublês, e tive um dublê incrível em Caçador de Demônios, mas faço algumas coisas quando permitem. Tive uma ótima queda de um guindaste nesse set, algo que eu nunca tinha feito antes - eles te colocam em um cinto de segurança e te soltam, é uma sensação incrível. É como ir a um parque de diversões, mas ser pago por isso.

OMELETE: Também queria falar rapidamente sobre outro projeto seu, que é o remake de O Vingador Tóxico. Parece que esse filme finalmente vai chegar a um público maior agora, mas ainda apenas nos EUA. Gostaria de saber qual é a sua opinião sobre as dificuldades que O Vingador Tóxico encontrou para conseguir distribuição, e o que as pessoas podem esperar dele quando puderem vê-lo?

BACON: É surpreendente para mim que tenha demorado tanto para este filme chegar aos cinemas, mas acho que a distribuição que conseguimos agora é muito boa. São os mesmos caras que colocaram Terrifier 3 nos cinemas [a distribuidora Cineverse], e claramente aquela franquia foi um sucesso.

Eu acho que, no mundo dos fãs da Troma [produtora que realizou o filme original de O Vingador Tóxico, de 1984], este é um título muito conhecido, mas o desafio é como alcançar as pessoas que não estão nesse nicho, um público maior que não está familiarizado com aquele mundo. Mas o nosso filme é ótimo, muito engraçado, e Peter Dinklage está fantástico [no papel título]. Estou feliz que as pessoas poderão vê-lo.

OMELETE: Você também é um dos poucos atores que, durante sua carreira, interpretou dois papéis diferentes em filmes da Marvel: Sebastian Shaw em X-Men: Primeira Classe, e você mesmo no especial de Guardiões da Galáxia. E sabe, agora o MCU está trazendo todo mundo de volta, então qual desses personagens você mais gostaria de interpretar? Kevin Bacon seria uma boa adição aos Vingadores?

BACON: [Risos] Eu sempre fico mais feliz em não ser o vilão, então acho que se eu tivesse que escolher, escolheria Kevin Bacon. Vamos deixar o Sebastian Shaw para lá.