“Evidências”, “Fio de Cabelo”, “Sinônimos”, “Galopeira”... O que não falta na carreira de Chitãozinho & Xororó são sucessos, mas, para a trilha de As Aventuras de José e Durval, série semi-biográfica sobre a dupla, a equipe da produção usou as músicas como marcadores temporais da carreira de seus “personagens”, precisando ir muito além dos hits.
“[Foi] um desafio muito grande”, disse Hugo Prata, diretor-geral da atração, sobre a curadoria de músicas feita por ele e pelos roteiristas Diogo Leite, Duda de Almeida, Dan Rossetto e Rafael Lessa. “Porque não são só os hits [que vão para a série]. A gente precisou elencar as canções que levam a nossa história para frente. (...) Não adianta ser o hit, só. Não pode parar o episódio só para entrar uma canção. Então, tem que estar naquele ano, tem que ter a intenção daquele episódio, daquela história, tanto na letra quanto no andamento e no arranjo”, explicou o cineasta.
Prata ainda destacou Rossetto como o grande curador da trilha sonora, dizendo que o roteirista “capitaneou” a equipe da produção para definir a trilha. “De nós todos, ele foi o mais inquieto em validar [as músicas escolhidas], foi fundamental.”
Essa não foi a primeira vez que Prata precisou passar por esse “processo seletivo musical” em uma cinebiografia de ídolos nacionais, já tendo comandado também Elis: Viver É Melhor que Sonhar, de 2019. De acordo com o diretor-geral, contar histórias tão conhecidas sempre é algo que vem carregado de pressão. “A preocupação minha do Rafa [Lessa, roteirista-chefe da série], de todos os roteiristas e acho que de todo mundo [da produção] era honrar esses personagens.” Para o diretor, selecionar que momentos mostrar da vida dos retratados também foi um desafio. “Não cabe a vida da pessoa inteira. Então, o que a gente vai abordar depois de tomar essa decisão [narrativa]? Quais os episódios dessa biografia levam essa nossa história, montam essa história que a gente decidiu contar?”
Embora, diferente de Elis, os biografados de As Aventuras de José e Durval ainda estejam vivos, Prata optou por manter um distanciamento saudável de Chitãozinho e Xororó durante a produção, com a dupla só tendo acesso à série depois de pronta. “A gente criou um vidro, assim, separando. Acho que foi uma das coisas que nos levou a terminar a série em 1990, para não chegar muito perto deles.”
“A gente tinha que esquecer que eles estão aí, porque senão a gente ia ficar louco e, da parte deles, foi sensacional, porque eles também nos deram essa liberdade”, contou Prata.“Eles não acompanharam [as filmagens], não leram os episódios. A gente escreveu e filmou e eles não sabiam que a gente fez. Eles foram assistir só depois de pronto (...). Então, acho que tem que ter essa separação entre realidade e a nossa ficção.”
As Aventuras de José e Durval tem direção-geral de Hugo Prata (Elis: Viver É Melhor que Sonhar) e roteiros de Diogo Leite, Duda de Almeida, Dan Rossetto e Rafael Lessa. Além dos irmãos Rodrigo e Felipe Simas como Chitãozinho/José e Xororó/Durval, respectivamente, o elenco conta com Andréia Horta, Marco Ricca, Marjorie Gerardi e Larissa Ferrara. Pedro Tirolli e Pedro Lucas vivem os cantores durante a infância.
A série estreia em 18 de agosto no Globoplay.