É muito difícil tentar explicar um fenômeno. Especialmente um que sai diretamente das suas mãos. Por isso, quando a Globoplay anunciou o lançamento de um documentário sobre a sua nova estrela, Juliette, a vencedora da mais recente edição do Big Brother Brasil, tudo pareceu mais uma forma da emissora tentar capitalizar em cima da sua nova menina dos olhos (castanhos e muito arregalados). E ao longos dos seis episódios de Você Nunca Esteve Sozinha - O Doc de Juliette essa impressão é a que fica.
Recém-saída da casa mais vigiada do Brasil, e com o título de campeã a tiracolo, acompanhamos os primeiros passos de Juliette na sua terra natal, na Paraíba, até o seu mais novo capítulo: o início da carreira artística, cujo "lançamento oficial" deve ser explorado ainda este ano. Mas de cara é fácil entender como a morena abocanhou o R$ 1,5 milhão. Como o documentário bem explora, ela é sensível, alegre, boa moça, carismática e espontânea. A Rede Globo sabe muito bem que tem um pote de ouro nas mãos com Juliette, mas o problema do documentário é justamente o de apostar demais na moça e deixar o formato de lado.
Entrevistas da nova estrela são misturadas com sessões de fotos, lançamentos de campanhas, participações em programas globais, pocket shows, depoimentos de familiares, de amigos, de famosos, visitas a amigos e membros da família, conversas com ex-participantes da edição do programa, além do tradicional fan service aos cactos (nome da fanbase da moça, responsáveis por sua vitória no BBB). Isso tudo mixado com desenhos fofos de figuras e montagens com fundo musical nordestino — outra marca registrada de Juliette.
Essa confusão é sentida nos episódios, desconexos demais entre si, deixando a impressão de que foram editados por equipes diferentes, cada um no seu ritmo. Embora os segmentos contem aspectos diferentes da vida de Juliette (antes do programa, após o programa, vida na faculdade, dentro do BBB etc), eles poderiam seguir com mais coesão. Às vezes o documentário segue a cartilha do “Arquivo Confidencial”, saudoso quadro do Domingão do Faustão, que mostrava depoimentos de amigos e familiares de um artista sem seu conhecimento prévio.
O terceiro episódio em especial, talvez o mais fraco dos seis, é uma mistura de fan service, pocket show, depoimentos de fãs e reencontros com ex-BBBs, sem conexão alguma com os outros episódios da minissérie. Mas no meio da confusão, existem dois episódios em que vale a pena dar um play: o segundo, que procura investigar os trabalhos dos amigos, assessores e time de marketing responsáveis por comandar as redes da advogada enquanto estava confinada no reality, e o último, que foi ao ar nesta terça-feira (3) e mostra as preparações de Juliette para seguir carreira como cantora, em aulas de voz e em gravações no estúdio ao mesmo tempo em que tenta reunir a sua família pela última vez.
Embora Juliette seja um fenômeno, é possível dizer que ainda é muito cedo para ela receber uma minissérie documental dessa magnitude na plataforma. Diferentemente da polêmica Karol Conká, que também ganhou um documentário no streaming da Rede Globo, A Vida Depois do Tombo, cuja produção teve ares de posfácio da sua turbulenta participação. De qualquer forma, e mesmo sem ter o que acrescentar na trajetória da paraibana, a série documental cumpre bem o que parecia prometer: dar aos cactos um novo produto com a musa, e agora, também embaixadora da plataforma.
Tanto é que hoje mesmo a Globoplay já anunciou um episódio extra, que irá ao ar em setembro, e que também se conectará com o gancho deixado pelo episódio final do documentário. Se o vindouro capítulo a mais poderá anunciar um segundo ano da série registrando mais episódios das aventuras de Juliette pós-BBB, ainda não sabemos. Mas com os números de seguidores nas redes sociais que só aumentam nas redes sociais, e um público que parece querer cada vez mais, não poderemos fingir surpresa se este for mais um grande anúncio do ano.
Criado por: Patricia Carvalho e Patricia Cupello
Duração: 1 temporada