A temporada final de Mr. Robot continua sendo um prato cheio para os fãs. Além de uma produção espetacular - de alguma forma, melhor que nos anos anteriores -, a série também está bastante empenhada em responder as dúvidas que se acumularam ao longo dos anos, mas sem ficar explicativa enquanto trilha um novo caminho. O terceiro episódio é a melhor combinação dessas duas abordagens até agora.
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“403 Forbidden” dedica metade de sua trama para agradar o espectador fiel. Um exemplo disso vêm logo no começo, quando desconstrói a figura elusiva de Whiterose (BD Wong). Até o momento, pouco era certo sobre o passado da hacker, mas os minutos iniciais resolvem isso ao mostrá-la nos anos 1980 em sua persona pública, o político Zhi Zhang. Em viagem aos Estados Unidos, ele fecha um negócio importante com a IBM que lhe dá bastante crédito no governo chinês onde, eventualmente, se tornará ministro da defesa. Ao seu lado está seu assessor e tradutor Chen (Eugene Shaw), com quem tem um caso sério. Esse relacionamento é importante para Whiterose se aceitar como realmente é e também, graças a um fim trágico, como motivação por trás da sua personalidade fria e impiedosa. Mesmo que o desenvolvimento seja breve, ele ajuda a preencher as lacunas de quem é a líder do Dark Army, exército que, por sua vez, passou pelo mesmo processo de esclarecimento no capítulo anterior.
Esse carinho com o fã parece definir o ano final. Para concluir sua obra, o criador e roteirista Sam Esmail resgata muitos elementos das temporadas anteriores, o que soa como uma forma de revisitar os pontos altos da série antes do fim. Um momento, por exemplo, traz Elliot (Rami Malek), Mr. Robot (Christian Slater) e Darlene (Carly Chaikin) montando uma base de operações no escritório desativado da AllSafe, local vital para a primeira temporada. “Faz sentido”, provoca Darlene. “É aqui onde tudo começou, não há lugar melhor para planejar como tudo acabará.”
Mas Mr. Robot não está preso em nostalgia e explicações. O seriado concilia cenas do tipo com bastante material inédito para garantir que o melhor ainda está por vir. O episódio três faz isso muito bem ao mostrar como Elliot mudou com tudo que passou. O hacker, para o descontentamento de Mr. Robot, se tornou impulsivo e ainda mais recluso ao perder todos que ama. Para não se afundar em desgraças, o programa introduz Olivia (Dominik Garcia), apresentada como “alvo” para o protagonista, mas que se prova a conexão real e humana que Elliot tanto precisava. Além disso, alguns mistérios ainda são mantidos, como a questão da terceira personalidade que foi citada ao fim do capítulo anterior, mas cuja resposta só deve vir mais para a frente. Por agora, Elliot e Tyrell (Martin Wallstrom) - que podem sim ser a mesma pessoa - precisam lidar com o Dark Army fechando o cerco neles.
Não há previsão de estreia para a quarta temporada de Mr. Robot no Brasil. As três temporadas anteriores estão disponíveis no catálogo do Amazon Prime Video.