Stephen King, apesar de ser o mestre dos livros de terror, não é garantia de bons filmes do gênero. Tanto é que algumas das melhores adaptações de suas obras para os cinemas nada têm de sobrenatural, como Conta Comigo (Stand by Me, 1986), Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, 1994) e o pouco conhecido O Aprendiz (Apt Pupil, 1998). Mas como exceções que confirmam a regra estão aí também Carrie, a Estranha (Carrie, 1976) e O Iluminado (The Shining, 1980). Correndo por fora, chega agora ao Brasil o muito bom 1408 (2007).
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Indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro por Evil - Raízes do Mal (Evil,2003), Mikael Håfström retoma com este projeto os bons passos que o fizeram trocar a fria Suécia pela ensolarada Califórnia, depois de uma leve derrapada em Fora de Rumo (Derailed, 2005), quando pisava pela primeira vez no escorregadio terreno de Hollywood.
Diferente da predileção pelo gore que se instalou no cinema de hoje, 1408 deixa um pouco de lado o sangue para causar o pânico de outra forma: instalando-se na cabeça do protagonista. A cada novo minuto que o escritor Mike Enslin (John Cusack) passa dentro do quarto 1408 do Hotel Dolphin, em Nova York, fica mais dicífil saber se o que ele vê ao seu redor é um possível simnal de demência, ou uma manifestação real dos espíritos que dominam aquele espaço.
Aumenta a dramaticidade o fato de Enslin ser uma pessoa cética. Ele ganha sua vida indo a lugares "assombrados" e quebrando suas míticas. Ex-novelista que trocou os romances pela literatura sombria, ele atualmente redige o livro "Dez Noites em Quartos de Hotel Mal-Assombrados" e por isso se interessa pelo quarto do hotel nova-iorquino onde suicídios constantes fizeram o gerente do hotel (Samuel L. Jackson) ordenar a interdição do local.
Apesar dos sustos fáceis do estilo vulto+som alto, é mesmo o clima sinistro e o terror psicológico que deixam 1408 acima da atual média de remakes orientais e filmes de tortura. Se Stephen King está preocupado com isso? Duvido muito. Para ele, o que deve valer é o cheque que bate na conta. Justo. Afinal, a parte dele está feita.