Assistir aos filmes do talentoso M.Night Shyamalan é uma experiência duradoura.
Sinais
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Sinais
Lembro-me bem de quando fui assistir ao Sexto Sentido no cinema. A aterrorizante experiência não se restrigiu ao escurinho da sala de projeção... Na volta pra casa, sozinho no carro, comecei a imaginar como eu reagiria se olhasse pelo retrovisor e uma garotinha pálida estivesse sentada no banco de trás. (meeeedo!). Dois anos mais tarde, Corpo fechado repetiu a dose, mas desta vez sem sustos. Como bom leitor de quadrinhos que sou, rapidamente fui tomado pela história de David Dunn (Bruce Willis), o super-herói mais verossímil já criado.
Todavia, produções tão boas quanto estes dois primeiros trabalhos de Shyamalan geram um expectativa tão grande sobre seus trabalhos vindouros que fui assistir ao Sinais (Signs, 2002), sua mais recente produção, sem ter lido absolutamente nada a respeito. Só conferi os trailers e olhe lá. Portanto, não se preocupe que não darei qualquer pista que possa estragar seu filme nesta resenha. Deixarei os sinais agirem em você da mesma maneira que funcionaram comigo. ;-)
O importante é que mais uma vez, Shyamalan não decepciona. Desta vez, ele aposta muito no bom-humor, além de voltar a passear entre os temas sobrenaturais. Mas é nas personagens que reside a força de seus projetos. O diretor indiano sabe disso e consegue extrair dos atores interpretações carregadas de emoção. Até mesmo Mel Gibson, que atualmente vinha alternando altos (Do que as mulheres gostam) e baixos (O Patriota) volta a mostrar que é muito mais do que um rostinho bonito. Não é exagero falar que com a sensibilidade demonstrada ele pode somar sua atuação neste filme à lista dos melhores momentos de sua carreira, ao lado de Máquina Mortífera e Mad Max.
Gibson vive o fazendeiro Graham Hess, que acorda uma manhã em sua casa em Bucks County e encontra estranhos desenhos circulares em sua plantação de milho (na verdade, o fenômeno realmente aconteceu, mas só em plantações de trigo, aveia ou cevada, mas o diretor gostou do visual labiríntico que só as plantações de milho têm e resolveu adotá-lo).
Enquanto Hess e seu irmão, Merrill (Joaquin Phoenix), acreditam que os desenhos são obra de nerds que não conseguem arranjar namoradas (com o perdão do pleonasmo), seu casal de filhos acha que é obra de Deus. Entretanto, tal hipótese é descartada de imediato pelo fazendeiro, um viúvo recente que abandonou sua posição como pastor da igreja episcopal - e conseqüentemente sua fé -, depois de perder a esposa.
Apesar de nenhuma das personagens parecer suficientemente interessante a princípio, Shyamalan vai se aprofundando em suas características e amarrando as pontas a cada nova cena. Também contribuem e muito para a crescente expectativa dos sustos que virão, a tensa trilha sonora do veterano compositor James Newton Howard (Dinossauro, Atlantis: O reino perdido) e a fotografia do mestre Tak Fujimoto (O silêncio dos inocentes, Philadelphia). Os dois ajudam o diretor a criar uma aura pacata e misteriosa em torno da plantação de milho e da residência dos Hess.
E se você quer saber se Sinais também é uma experiência que transcende as telas de cinema, basta saber que qualquer barulhinho esquisito à noite aqui em casa é motivo para me fazer lembrar do filme. Ah, só pra aguçar ainda mais sua curiosidade... o Brasil tem um papel importante no filme, mais precisamente a cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Não deixe de conferir. É arrepiante.