[Spoilers de Batman à frente]
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Com apenas um final de semana em cartaz, Batman já é um grande sucesso de bilheteria e é apenas uma questão de tempo para que sequências do novo longa sejam oficialmente anunciadas. Enquanto isso, Matt Reeves, responsável por levar a versão mais recente do Cruzado Encapuzado aos cinemas, já vem comandando o desenvolvimento de derivados televisivos para o longa, focados no Pinguim de Colin Farrell e no infame Asilo Arkham, onde são presos os vilões mais instáveis de Gotham. Essa expansão da franquia permitirá que o cineasta molde sua visão para esse novo universo do Homem-Morcego de forma detalhada e explore mais a fundo sua versão do cânone do Cavaleiro das Trevas.
Já tendo demonstrado interesse em retratar vilões como o Sr. Frio e Silêncio, Reeves indica ter a intenção de levar alguns dos conceitos mais fantasiosos da DC Comics para a nova franquia Batman, algo que fãs do herói não veem nos cinemas desde Batman & Robin. Embora seja tentador “apagar” as origens absurdas desses personagens para corresponder ao tom pé-no-chão do filme original, a existência dos spin-offs dão a cineasta a chance de introduzi-las com calma ao mundo do Battinson, adaptando conceitos mais surreais à já estabelecida atmosfera noir deste primeiro longa.
Ao contrário de Christopher Nolan, cuja trilogia O Cavaleiro das Trevas se ateve a um realismo pouco característico às histórias de super-heróis, Reeves mostrou em Batman um apreço pela suspensão da descrença, abrindo as portas para que o Bruce Wayne de Robert Pattinson tenha um desenvolvimento mais similar ao dos gibis. Esse desapego do ultrarrealismo faz com que seja possível imaginar personagens de origens pseudocientíficas como Sr. Frio, Cara de Barro ou Hera Venenosa perturbando o sono dos cidadãos de Gotham. Mesmo vilões mais “sérios”, como Professor Porko, Corte das Corujas e Coringa, serviriam como antagonistas condizentes com a trama detetivesca de Batman sem que sua excentricidade seja sacrificada, como já aconteceu com o Duas-Caras (Aaron Eckhart), Ra’s al Ghul (Liam Neeson) e Bane (Tom Hardy) na Era Nolan.
O submundo do crime de Gotham
Se a série do Pinguim promete mostrar como o personagem de Colin Farrell se transforma em um dos vilões mais perigosos da DC, a produção focada no Asilo Arkham pode se tornar um “atalho” para Reeves e companhia desenvolverem seus antagonistas antes de levá-los de forma definitiva para as telas. Habitado por algumas das figuras mais espalhafatosas dos quadrinhos, o hospício-prisão é o cenário perfeito para trabalhar alianças criminosas e narrar origens bizarras, dispensando momentos excessivamente expositivos nas telonas.
Ao contrário dos filmes focados no Batman e em sua luta contra o crime, as séries podem explorar a reação dos criminosos ao surgimento do Cavaleiro das Trevas, ligando o Homem-Morcego à criação de mais e mais vilões perigosos em Gotham. Conforme explicitado pelo Charada (Paul Dano) no final de Batman, a ascensão do Morcegão leva seus inimigos a buscarem mais e mais formas de cometer seus crimes, tornando a cidade um violento caldeirão de pólvora prestes a explodir.
A própria força policial de Gotham também ganha novas nuances à medida que os vilões são mais explorados. Embora a série focada nos policiais tenha sido cancelada, é de se esperar que o surgimento de criminosos cada vez mais impiedosos e desequilibrados levem a uma resposta violenta da polícia, que se vê no fogo cruzado entre o Batman e seus inimigos.
A (não tão) Nova Fronteira
Ao longo da campanha de divulgação de Batman, Matt Reeves disse ter se inspirado em Batman: Ego, clássico de Darwyn Cooke que mergulha na psique do Cavaleiro das Trevas e retrata como ele se tornou sinônimo de esperança para o cidadão comum de Gotham ao mesmo tempo em que aterroriza os criminosos da cidade. Adiantada no terceiro ato do longa, essa transição deve trazer grandes consequências na vida do Morcegão, incluindo uma grande mudança também retratada em outro clássico de Cooke: A Nova Fronteira.
Na HQ de 2004, o lendário quadrinista mostra um Batman que, após perceber que os civis sentem ainda mais medo dele que os vilões, decide adaptar seu visual para algo levemente menos ameaçador. Essa mudança de direção leva Bruce a ganhar, aos poucos, a confiança de sua cidade sem perder o respeito daqueles que devem temê-lo.
Esse arco de A Nova Fronteira também abre caminho para outro elemento básico dos quadrinhos do Batman: a Bat-família. Existente há mais de 80 anos, a equipe cada vez maior do Cavaleiro das Trevas afeta diretamente seu desenvolvimento. Graças a Dick Grayson, Barbara Gordon, Tim Drake e tantos outros, o Homem-Morcego aprende a confiar e a trabalhar com outras pessoas em sua batalha contra o crime e também a se abrir mais como Bruce Wayne.
Terminando Batman adaptando a virada tão bem exposta por Cooke em seus livros, Reeves deixa no ar a possibilidade de usar a franquia para desenhar um arco que começa com um Bruce isolado e amargurado e que se encerra o herói contando com sua família expandida para equilibrar sua vida dupla. Mesmo que o novo longa ainda dê apenas pequenos vislumbres do futuro, há, de certa forma, a promessa de um futuro mais povoado para essa nova versão do Cavaleiro das Trevas.
Por mais que não exista uma garantia que todos os derivados e sequências serão bem sucedidos, Reeves tem na mão a chance desenvolver o Batman e o cenário em que se insere de forma muito mais completa que Nolan, Zack Snyder e até mesmo Tim Burton tiveram em seus tempos à frente da franquia. Com tantas produções em desenvolvimento para a franquia, o cineasta ensaia criar o universo mais completo que o Homem-Morcego já teve em live-action.
Dirigido por Matt Reeves (Planeta dos Macacos), Batman tem no elenco Robert Pattinson como o Homem-Morcego, Zoë Kravitz (Selina Kyle/Mulher-Gato), Andy Serkis (Alfred), Paul Dano (Charada), Jeffrey Wright (Comissário Gordon) e Colin Farrell (Pinguim).
O filme já está em cartaz nos cinemas brasileiros e chega à HBO Max no dia 17 de abril.
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