A abreviação P.S. vem do latim post scriptum, que indica algo que vem escrito após a assinatura em uma carta. No caso do filme P.S. Eu Te Amo (P.S. I Love You, 2007), além de indicar um altíssimo nível de glicose, ela casa bem com a idéia do amor que continua mesmo depois do fim. Baseado no livro homônimo da escritora irlandesa Cecelia Ahern, esta mistura de drama com romance começa mostrando uma típica discussão de casais entre Holly (Hilary Swank) e Gerry (Gerard Butler). Os dois moram em Nova York, estão juntos há muito tempo e ainda não conseguiram a estabilidade financeira necessária para ter um filho, algo que ele tanto sonha, mas ela mostra que é inviável. A argumentação dura uns 5 minutos e termina com um acalentado abraço, que vira beijo e algo mais.
Corta! Sobe a música e começam os créditos, que mostram fotos do casal. Corta e estamos em um pub, na despedida de Gerry. Cerveja, uma garrafa de Jameson's e música. Holly tenta se segurar, mas logo desaba. O abismo em que ela cai é profundo e não vai melhorar até o seu aniversário, quando ela recebe em casa as melhores amigas, a mãe e um bolo com uma carta e uma fita do seu amado, dando-lhe ordens para sair e se divertir. Os bilhetes escritos por Gerry indicam o caminho da liberdade, para que sua esposa volte a encontrar a alegria, como no dia em que eles se encontraram pela primeira vez, na Irlanda, onde ele nasceu.
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Parece bonito, fofinho e extremamente romântico, né? Você, mulher, já está pronta para ir ao cinema e o namorado/marido/ficante já está na coleira, certo? E não sou eu, dizendo que aquele amontoado de clichês e situações irreais só acontecem nos filmes que vai te fazer mudar de idéia. Mas mesmo assim é necessário alertar que o casal de protagonistas não é o mais harmonioso que já passou pela telona. Hillary Swank, apesar de bastante competente em dramas pesados, não combina com o tipo bonitinha e atabalhoada que quebra o nariz tropeçando no palco de um karaokê tentando ser sexy. Já Butler, apesar de carregar bem o estilo brincalhão de Gerry, ainda tem alguns resquícios do líder espartano Leônidas - o que deve ser outro atrativo para as mulheres...
Mas o pior mesmo são as presença de Lisa Kudrow e Gina Gershon como as melhores amigas. As duas simplesmente não combinam com Holly e fica difícil imaginar como elas poderiam ter se tornado amigas fora do cinema. Outro personagem perdido é o de Harry Connick Jr. Apesar de completamente deslocado, é ele que vai encaminhar a história para um bom final, que, se não é capaz de endireitar todos os estragos feitos anteriormente, ao menos diminui o volume das reclamações. É como se os cineastas deixassem a seguinte anotação no fim:
P.S. Esqueça o resto do filme e leve para casa somente as recordações destes últimos minutos.