Happy Face é true crime… até a página dois. Segundo a estrela Annaleigh Ashford, que interpreta a personagem real (e produtora da série) Melissa G. Moore, a separação entre fato e ficção no roteiro foi uma das coisas que mais a atraíram para o projeto - isso sem contar a forma como Happy Face tira o foco do serial killer da vez (o Assassino Happy Face, vivido por Dennis Quaid) para colocá-lo nas mulheres afetadas por ele.
A seguir, Ashford - figurinha carimbada da Broadway e da TV, vencedora do Tony e recém-saída de uma indicação ao Emmy por Bem-Vindos ao Clube da Sedução - e sua colega de elenco Khiyla Aynne conversam com o Omelete sobre essa abordagem inovadora a um dos gêneros mais populares dos últimos anos... e muito mais, é claro.
Happy Face está em exibição no Brasil pelo Paramount+, com episódios semanais, sempre às quintas-feiras. Confira a entrevista completa abaixo!
OMELETE: Annaleigh, eu preciso dizer que sou um grande fã seu desde que vi Masters of Sex, e é incrível como você demonstrou sua versatilidade desde então. Com Happy Face, está caindo de cabeça no true crime - você era fã do gênero? O que te fez dizer ‘sim’ para este papel?
ASHFORD: Obrigado! Eu sempre fui fã de true crime, sim, mas minha mãe é a verdadeira aficionada. Sempre que uma nova série está saindo, ela me avisa e começamos a conversar sobre. Mas sinto que Happy Face faz uma abordagem muito diferente sobre o true crime, não apenas por contar a história do ponto de vista da filha de um serial killer, mas também da perspectiva de uma mulher. Eu me senti realmente inspirada quando conheci a história de Melissa, e entendi como ela tem sido uma defensora das pessoas que foram tocadas pela violência, pelo trauma e pelo crime.
OMELETE: Khiyla, e você? Pode nos falar sobre sua relação com o true crime, e como acredita que Happy Face se relaciona com o gênero?
AYNNE: Eu definitivamente era fã de true crime antes deste projeto, mas eu diria que estar em Happy Face alterou minha visão sobre o gênero, e sobre como ele é retratado na mídia. O que me atraiu para o papel de Hazel foi entender que ela é uma personagem multifacetada e muito complexa, seja em seus relacionamentos escolares ou familiares. De muitas maneiras, acho que a história dela espelha a se Melissa - veja bem, Hazel descobriu que seu avô era o assassino Happy Face aos 15 anos, e essa também era a idade de Melissa quando ele foi preso.
OMELETE: Pois é, a história de Hazel gira muito em torno de descobrir o segredo de seu avô, e então querer ser mais próxima dele. Como atriz, você consegue entender de onde este impulso vem? Consegue se relacionar com essa personagem?
AYNNE: Bom, eu estava interpretando uma pessoa real, então acho que havia uma pressão extra [para conseguir expressar esses desejos]. Eu queria fazer da forma certa, queria deixar a Hazel de verdade orgulhosa. É claro que certos papéis trazem emoções mais difíceis de se relacionar, porque eu não passei por um evento como esse em minha vida - mas Hazel também é uma adolescente, que acaba de descobrir que foi enganada por anos. Acho que muitas pessoas podem olhar para isso e entender que também iam querer saber de onde vieram, saber quem era essa pessoa que foi tão importante na vida da sua mãe, mas você não conhecia.
OMELETE: Bom, obviamente Melissa também é produtora da série. Eu me pergunto o quão de perto vocês trabalharam com ela em seus personagens - ela queria que tudo fosse baseado na realidade, ou vocês tiveram alguma liberdade para criar?
ASHFORD: A série é um pouco ficcionalizada, principalmente no caso que Melissa passa a investigar, mas todas as partes que envolvem a vida familiar dela, sua história de fundo e seu relacionamento com o pai, são reais! Então, acho que fui muito sortuda de poder contar não só com o podcast e o livro dela, mas também com a Melissa em pessoa. Ela nos ajudou a escrever a série, e estava aberta e disponível para consultas quando começamos a filmar. Uma grande parte desse processo, para mim, foi sentar aos pés dela e ouvir suas experiências com a máquina do true crime, sobre como trabalhar para conscientizar as pessoas da necessidade de focar mais nas vítimas e suas famílias quando contamos esse tipo de história.
AYNNE: Foi curioso para mim, porque não conheci Melissa até depois que terminamos de filmar a série. Ela me deu um grande abraço, foi muito doce e gentil, e nos levou para passar um tempo com a família dela, o que foi ótimo. Minha preparação para Hazel, no entanto, foi mais baseada em conversas com a nossa showrunner, Jennifer [Cacicio], porque eu queria ter certeza que as intenções da personagem fossem vistas na tela da forma como estavam no texto.
OMELETE: De fato, uma coisa que eu realmente amo sobre a série é o quão honesta ela é sobre a obsessão que as pessoas têm com o true crime, e como isso pode ser dessensibilizante. Vocês podem falar um pouco sobre isso, e sobre como as histórias de suas personagens se encaixam nessa narrativa?
ASHFORD: Eu acho que ‘dessensibilizar’ realmente é a palavra certa para falar sobre como nossa cultura está ingerindo esse tipo de conteúdo. Essa foi uma das coisas que realmente me atraíram para esta série, porque ela nos mostra o gênero com honestidade, nos obriga a examiná-lo e examinar também como o consumimos.
AYNNE: Sim, com certeza existe essa ‘dessensibilização’ da qual você falou. Sinto que muitas das produções de true crime que temos visto nos últimos anos meio que glorificam o serial killer, certo? Acho que essa abordagem aliena o público do fato de que essas são pessoas reais, vítimas realmente, emoções reais que elas experimentaram. Acho que, por Happy Face ser contada do ponto de vista de Melissa, isso é virado pelo avesso.
OMELETE: Annaleigh, você é uma verdadeira lenda da Broadway; e Khiyla, eu sei que você também é uma pessoa muito musical. Como eram os bastidores de Happy Face, havia muita cantoria? Essa similaridade ajudou vocês a construírem a relação de mãe e filha na tela?
AYNNE: Honestamente? Sim, a gente estava sempre cantando músicas aleatórias por trás das câmeras e fazendo vozes engraçadas. Annaleigh realmente é ótima em imitações, e é uma pessoa hilária. Foi fácil interpretar a filha dela, porque ela é brilhante.
OMELETE: Khiyla, a Annaleigh já te mostrou a imitação de Cyndi Lauper dela? É realmente incrível.
AYNNE: [Chocada] Não! Eu vou pedir para ela fazer a Cyndi assim que terminarmos aqui.
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