O universo expandido de Star Wars cresceu bastante após o fim da trilogia dos prequels mas, em 2014, a Disney desconsiderou todos os eventos paralelos do cânone oficial dos filmes. Desde então, alguns elementos dessas obras - chamadas de Star Wars Legends - foram resgatados e incorporados à nova fase da franquia. A animação digital The Clone Wars é o maior exemplo, com a sequência Rebels que explora eventos e o destino dos personagens. Agora os desenhos parecem prestes a dar um passo adiante e ganhar destaque nas telonas - e a personagem Ahsoka Tano deve ser a chave para isso. Mas quem é ela?
Nas obras criadas por Dave Filoni, Tano é recorrente há mais de uma década. Originalmente apresentada no longa animado Star Wars: A Guerra dos Clones (2008), ela tem conexões com figuras importantes da franquia: pouco após os eventos de O Ataque dos Clones, Ahsoka foi atribuída como padawan de Anakin Skywalker pelo Mestre Yoda. Tanto o filme quanto a série de TV exploram a problemática dinâmica e os conflitos de ego entre os dois, sempre sob a sombra da iminente virada de seu mestre ao lado sombrio. Isso não impediu que a relação dos dois crescesse, ao ponto de Skywalker inúmeras vezes se comprometer a favor da sua discípula. Seus caminhos se separam pouco antes da Ordem 66, o evento disruptivo que cria Darth Vader e faz com que Ahsoka deixe de acreditar na Ordem Jedi (ao ponto de seu sabre de luz tornar-se branco, sem pender para nenhum lado). Quando o Imperador Palpatine se vira contra a República, ela é forçada a se esconder após a quase-aniquilação dos Jedi.
Isso se torna parte central de Rebels, que resgata a personagem em meio à rebelião do senador Bail Organa (o pai adotivo de Leia) e da senadora Mon Mothma, enquanto Tano é caçada pelo Império. Ela se torna vital para guiar os protagonistas, a equipe da nave Ghost, seja para fornecer informações ou, eventualmente, se juntar a eles. Ao longo das duas séries, Tano treinou com figuras importantes, combateu vilões como Darth Maul e Darth Vader, e sobreviveu por praticamente todas as eras principais da saga. Se alguém realmente representa o potencial do universo expandido de Star Wars é Ahsoka.
Das telinhas para o cinema
O que reforça a teoria de que a personagem deverá dar as caras na telona é a declaração recente de J.J. Abrams, diretor de A Ascensão Skywalker. Segundo o cineasta, os fãs de Ahsoka devem ficar de olho na conclusão da trilogia. Anteriormente os filmes já haviam flertado com a ideia de introduzir rostos das animações. O droide Chopper, assim como a nave Ghost, por exemplo, podem ser vistos em Rogue One: Uma História Star Wars (2017), ao fundo de várias cenas - incluindo a batalha de Scarif.
O sucesso de Dave Filoni, criador dos desenhos, é outra prova de que a Disney deve valorizar mais o seu legado daqui para frente: não só ele e sua equipe são responsáveis por segurar o universo expandido nos vários anos que a franquia ficou fora dos cinemas, mas também é responsável por ajudar a expandir Star Wars para a televisão em forma de série live-action com The Mandalorian, cocriada com Jon Favreau. Assim, faz bastante sentido que mais e mais elementos de suas obras passadas sejam exploradas no cânone oficial, ainda mais com o iminente retorno de The Clone Wars no Disney+. De qualquer forma, discutir a importância de uma personagem criada há mais de uma década em um produto paralelo só mostra como o universo Legends ainda tem muito a contribuir para a fase atual da saga.
Star Wars: A Ascensão Skywalker chega aos cinemas em 19 de dezembro.