Com uma premissa estranha e curiosa - a de que um bilionário xeque iemenita deseja levar ao Iêmen seu esporte favorito, a pesca de salmão - Amor Impossível (Salmon Fishing in Yemen, 2011) tenta uma bem-humorada e inteligente mistura de drama e romance, mas obtém apenas uma insípida massa cheia de sotaques e sem nada a dizer.
O filme de Lasse Hallström (Querido John, O Vigarista do Ano), baseado no livro de Paul Torday, falha ao dar à trama um tom excessivamente moroso - em parte motivado pelos pouco carismáticos personagens vividos por Emily Blunt e Ewan McGregor. Ambos são simplesmente desinteressantes demais: ela uma advogada e ele uma autoridade britânica em peixes. Os dois trabalham juntos no projeto de um apaixonado xeque (Amr Waked), que acredita que seu povo pode se beneficiar da calma contemplativa que a pesca esportiva lhe traz.
Competentes, Blunt e McGregor fazem o que podem com o material, mas é tudo simplesmente chato demais. Discussões técnicas sobre como os peixes podem ser realocados para o Oriente Médio são intercaladas por cenas de um casamento sem emoção (da parte dele) e o drama de um namorado desaparecido na guerra (do lado dela). Não é preciso explicar muito mais para saber o que vai acontecer.
O material original é uma sátira política sobre burocracia, poder e a guerra do Iraque criado com recursos gráficos curiosos, como memorandos, entrevistas e emails. Aqui, usa-se até que um pouco dessa linguagem (especialmente quando Kristin Scott Thomas está em cena), mas de maneira apenas pontual - quase que por obrigação para honrar o livro. Já o tom satírico perde-se totalmente, cedendo espaço ao romance, que não enxerga que a premissa ridícula não deve ser levada a sério. O roteirista oscarizado Simon Beaufoy (Quem Quer Ser um Milionário?) parece mais interessado em embalar um produto palatável do que efetivamente entender do que se trata o livro que ele está adaptando. Pesca-se durante horas, mas ao final é um filé congelado que é servido.