Filmes

Crítica

Sobre Meninos e Lobos | Crítica

<i>Sobre meninos e lobos</i> - Resenha 1

04.12.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H15

Sobre meninos e lobos
Mystic river

EUA, 2003
Drama - 137 min.

Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Dennis Lehane (livro), Brian Helgeland

Elenco: Sean Penn, Tim Robbins, Kevin Bacon, Laurence Fishburne, Marcia Gay Harden, Laura Linney, Kevin Chapman, Tom Guiry, Spencer Treat Clark

Como diz a mais sábia de todas as leis do nosso mundo, a lei de Murphy, "quando uma coisa tem de dar errado, ela dará". E é exatamente isso que acontece com os protagonistas de Sobre meninos e lobos (Mystic River, 2003). Sean (Kevin Bacon), Dave (Tim Robbins) e Jimmy (Sean Penn) são três meninos que moram na periferia de Boston e bem cedo acabam descobrindo que o mundo não é um lugar muito bom para se crescer.

Tudo aconteceu muito rápido. Em um minuto eles estavam brincando, no instante seguinte Dave estava dentro do carro, sendo levado por um policial e um padre. Este foi o início do fim de suas vidas.

Nos vinte e cinco anos seguintes, cada um foi para um lado, sem nunca se afastar muito do bairro. Dave não cuidou de seus demônios interiores e até hoje eles o perturbam. Jimmy, já foi preso e, entre outras coisas, tem um mercadinho no bairro em que cresceram. Sean virou um policial e está encarregado de investigar a morte de Katie, filha mais velha de Jimmy. Com este empurrão (ou deveríamos dizer rasteira?) do destino, o caminho dos três volta a se cruzar e é visível que não há saudosismo entre eles.

Set estrelado

Além dos três astros principais, o diretor Clint Eastwood teve à sua disposição Lawrence Fishburne (no papel do policial parceiro de Sean), Marcia Gay Harden (esposa de Dave) e Laura Linney (mulher de Jimmy). Por trabalhos anteriores, este grupo soma sete indicações ao Oscar e cinco estatuetas, incluindo aí as que o próprio Eastwood ganhou atrás das câmeras (por Os imperdoáveis), outra do roteirista Brian Helgeland e as duas que ficam sobre a lareira do diretor de arte Henry Bumstead. Tantos prêmios fazem a diferença. É difícil criticar o trabalho de qualquer uma destas pessoas. Mas, por outro lado, Sean Penn e Tim Robbins estão alguns degraus acima dos demais. O primeiro mostra que os brutos também amam, sim. E choram. E se desesperam. E querem vingança a qualquer preço! É engraçado notar, no entanto, como ele fica a cara do Robert DeNiro nos momentos mais dramáticos. Não que isso seja negativo. Muito pelo contrário! Já Robbins reflete num simples olhar o quanto Dave é uma pessoa perdida e vazia, sem a menor motivação para continuar vivendo.

Porém, como estávamos falando lá no começo, a Lei de Murphy não dá trégua. O filme dá umas pequenas derrapadas. Algumas, como o final, nem são apenas culpa só do diretor, pois tudo o que ele fez foi tentar manter-se fiel ao livro em que baseou esta adaptação. Porém, há mais espaço no texto de Dennis Lehane para mostrar a superação que no epílogo do filme, que acaba se tornando um pouco hollywoodiano demais. Não que isso comprometa todo o trabalho desenvolvido, mas é um deslize que tira da produção o título de "obra-prima".

Nota do Crítico
Bom